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    porto velho, sábado 8 de fevereiro de 2025

Rússia cessou a rebelião, mas atrito com Grupo Wagner é só o começo de uma crise

Facilidade com que os mercenários marcharam rumo a Moscou é um sinal de apoio popular a uma oposição que, inclusive, poderia usar a força contra o governo Putin


jovem pan

Publicada em: 03/07/2023 15:23:28 - Atualizado

MUNDO: Apesar de ter conseguido cessar a rebelião e evitar que o Grupo Wagner chegasse até a capital, a crise envolvendo Rússia e os paramilitares não é algo encerrado e, a longo prazo, deve voltar. Nesta quinta-feira, 29, o chanceler alemão, Olaf Scholz, falou exatamente sobre isso. A rebelião do grupo “terá consequências para a Rússia no longo prazo”, disse ao canal público ARD. “A Rússia é uma potência nuclear, é um país muito poderoso. Por isso, devemos sempre estar atentos a situações perigosas e esta foi uma situação perigosa”, afirmou o líder alemão, que acredita que Vladimir Putin, presidente russo, saiu enfraquecido do motim. A rebelião registrada no final de junho é o maior desafio que Putin, que chamou este ato de “traição”, enfrentou desde que chegou ao poder, em 1999. Os especialistas ouvidos pela Jovem Pan também defendem o ponto de vista do chanceler alemão. Por mais que a situação esteja mais calma, ela deve voltar no futuro. Eles pontuam que a rebelião mostrou a proliferação de grupos insurgentes na Rússia.

“A relação do Estado russo com esse grupo ficou balançada. Na minha visão, depois que a poeira baixar, se a guerra na Ucrânia tiver um fim, a Rússia vai retomar as suas tentativas de controlá-los e limitar sua influência. E aí a gente pode, talvez, esperar uma nova crise no setor”, fala Valdir da Silva Bezerra, mestre em relações internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo. Ele mora na Rússia há seis anos e contou que a rebelião contra Moscou pegou todos de surpresa, mas que as coisas já estavam se normalizando após o acordo firmado. “O Ministério da Defesa da Rússia teve um susto no sábado. Então, acho que eles aprenderam a lição, mas não vão lidar com essa situação agora. Neste momento, vai ser muito difícil lidar com essa situação”, acrescenta. O atrito do Grupo Wagner não era diretamente com Putin. Yevgeny Prigozhin, líder paramilitar, deixou isso claro. Há tempos ele batia de frente com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e declarou que o intuito da marcha não era derrubar Putin, e sim evitar o fim do seu grupo.

Para Bezerra, o Grupo Wagner deve voltar a se rebelar contra Moscou “se novos movimentos de controle da sua condição de empresarialidade privada forem executados no futuro”. A intenção do Ministério da Defesa da Rússia de controlar os mercenários veio a público no dia 10 de junho, quando Shoigu deu uma ordem, com prazo de validade para dia 1º de julho, para que fosse estabelecido um procedimento para organizar as atividades de rotina dos grupos voluntários, ou seja, ele queria ter controle sobre os paramilitares. Na segunda-feira, 25, Putin sugeriu que os mercenários do Wagner se alistassem nas Forças Armadas do país, mas disse que manteria a promessa de aceitar que eles se exilassem em Belarus. Na quinta-feira, 29, a agência de notícias russa TASS falou que o Grupo Wagner não vai mais participar do conflito na Ucrânia.


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