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porto velho, quarta-feira 12 de fevereiro de 2025
MUNDO: Sem perspectiva de que possam deixar a Faixa de Gaza, brasileiros vivem o agravamento da crise humanitária deflagrada pelo conflito entre Israel e Hamas iniciado em 7 de outubro.
Apesar do envio dos recursos financeiros pelo Brasil, famílias relatam a dificuldade de conseguir comprar alimentos e água. Nos precários mercados no sul de Gaza, a procura por mantimentos fez os preços triplicarem. Também já não há gás para cozinhar.
“Os preços triplicaram devido à superlotação e o cerco à população no sul da Faixa de Gaza. Isso dificulta a obtenção dos nossos recursos. Agora estamos enfrentando a falta de gás. Estamos vivendo os piores dias das nossas vidas. Minha filha Aileen, de 8 meses, precisa de leite e não tem como fazer”, diz Ramadan Abdou, que está em Khan Yunis.
Com a dificuldade de enviar diretamente os alimentos e água para os brasileiros, a Representação do Brasil junto à Palestina passou a fazer transferências bancárias para as famílias que aguardam a repatriação.
“Eles (Representação do Brasil) vão mandar recurso pra gente, mas está muito difícil achar. Talvez a gente volte a tomar água salgada”, disse Hasan Rabee.
Com os recursos recebidos, o palestino naturalizado brasileiro foi ao mercado comprar batata frita para as duas filhas de 3 e 5 anos.
“Infelizmente, não tem muita coisa no mercado. Água não existe. Farinha não tem e, se acha, custa três vezes mais”, relata. “O nosso gás acabou hoje. Não dá para cozinhar. Somente comida em lata”, disse Rabee.
Em um vídeo gravado nesta terça-feira (24), Rabee, que tem feitos relatos diários de Gaza, disse que completará 18 dias sem energia em casa.
“A gente está sem luz vai fazer 18 dias. E água encanada não existe, não chega. A tal água doce é muito difícil achar. Você tem que carregar um galão, andar bastante para conseguir achar. Infelizmente, muito difícil”, disse Hasan Rabee.
O atendimento aos brasileiros em Gaza é feito pela equipe da Representação na Palestina, que se divide em duas equipes. Uma –formada por diplomatas brasileiros — fica em Jerusalém cuidando da estratégia e segurança.
A outra – formada por brasileiros-palestinos e palestinos – fica em Ramallah, na Cisjordânia, responsável pela parte operacional, administrativo e providências consulares.
O trabalho se divide em três partes: salvar os brasileiros da zona de combate; aliviar e proteger os brasileiros da catástrofe humanitária em Gaza e fazer a repatriação através da abertura da passagem de Rafah.
A Representação do Brasil junto à Palestina mantém contato com os brasileiros em Gaza por meio de um grupo de WhatsApp. O governo brasileiro tem enviado dinheiro para que o grupo possa comprar alimentos, água e remédios.