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    porto velho, sábado 7 de junho de 2025

A decadência da Seleção Brasileira: Do futebol arte à mediocridade em campo

Hoje, no entanto, o torcedor sequer sabe os nomes dos convocados e a seleção parece vagar em campo, sem alma, sem gana, sem plano tático, sem identidade.


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Publicada em: 06/06/2025 15:49:01 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA

A decadência da Seleção Brasileira: Do futebol arte à mediocridade em campo

Arimar Souza de Sá

foto - edição Rondonoticias


CRÔNICA DE FIM DE SEMANA

A decadência da Seleção Brasileira: Do futebol arte à mediocridade em campo

Arimar Souza de Sá

Quem acompanhou as glórias da Seleção Brasileira de Futebol nas cinco conquistas de Copas do Mundo, nas disputas épicas da Copa América e em tantos outros capítulos de ouro do futebol mundial, hoje assiste, com tristeza e incredulidade, ao apagão técnico e emocional do time canarinho. O Brasil, outrora escola do futebol arte, tornou-se um reflexo opaco do que já foi.

Pelé, o gênio maior, com apenas 17 anos, assombrou as arquibancadas do mundo. O Rei não jogava futebol, mas desenhava o futuro em cada toque, em cada gol marcado com a genialidade de sempre e ainda ganhou o troféu de atleta do século.

Mais tarde, foi a vez de Zico. Driblando, rompendo as defesas adversárias ou cobrando faltas milimétricas, o galinho fez gols antológicos que faziam a rede balançar em câmera lenta na alma do torcedor, como quem escreve poesia com os pés.

Na copa de 82, quantas vezes ouvimos a narração emocionante de José Carlos Araújo, o ‘Garotinho’, rasgando os microfones e os pulmões com um: “Falcão recebe na linha que divide o gramado, driblou o primeiro e empurrou para Falcão que tocou de primeira para Zico, que matou no peito, atirou e entrou. Golão, golão, golão.

Depois veio o futebol moleque, alegre e irreverente, jogado com vigor e respeito as cores da pátria, com sorriso no rosto e ousadia nos pés. Era o tempo dos dribles desconcertantes de Ronaldinho Gaúcho, que bailava em campo como se estivesse dançando samba em plena Sapucaí.

E o que dizer das arrancadas fulminantes de Ronaldo Fenômeno e Romário, que pareciam furacões que devastavam defesas inteiras mundo afora, com aquelas passada largas, olhar frio e finalização certeira para o fundo da rede adversária. Quem não lembra das faltas batidas por Roberto Carlos, tipo folha seca ao vento, que furavam o barbante.

Ou, então, quem não se recorda do “Olha o que ele fez, olha o que ele fez”, olha o que ele fez, um dos mais famosos bordões de Galvão Bueno, que nasceu ao narrar um golaço de Ronaldinho Gaúcho na Copa América de 1999. E desse: É agora! Vai que é sua, Tafarel!, tudo para celebrar o prazer do futebol arte da seleção verde-amarela. Cada grito dos dois narradores era um abraço e um afago no coração do torcedor brasileiro, uma trilha sonora da emoção que mexia no imo de um país inteiro vendo seu esquadrão “passear” em campo.

Hoje, no entanto, o torcedor sequer sabe os nomes dos convocados e a seleção parece vagar em campo, sem alma, sem gana, sem plano tático, sem identidade. Os jogadores, chamados de modinha, aparecem mais pela tatuagem e corte de cabelo, do que pelo futebol. A grande maioria se esconde atrás de cifras milionárias em redes sociais reluzentes, enquanto a camisa verde-amarela perdeu o respeito para eles e pesa como chumbo. A rigor, o que se vê em campo, são homens trôpegos, sem vontade de lutar pelas cores de seu país. Falta-lhes fôlego, garra e brilho nos olhos. Falta o coração no bico da chuteira — como diria Nelson Rodrigues ou qualquer cronista de alma canarinha.

A decadência é tamanha que, depois de 22 anos sem erguer uma taça de Copa do Mundo, o Brasil agora luta para não ser ‘rifado’ nas eliminatórias, como um gigante com os pés de barro. E, para tentar reverter o caos, importa-se um técnico europeu, Carlo Ancelotti, que não conhece o futebol brasileiro, numa confissão tácita de que o saber nacional desse esporte está em extinção e os técnicos brasileiros não valem mais “porra nenhuma” para a CBF.

Ora, se o Brasil não reencontrar seu futebol alegre, espontâneo e vibrante, corre o risco real de viver o que antes parecia impossível: ficar fora de uma Copa do Mundo. Logo o país que ensinou o planeta a jogar bonito, agora empurrado para a segunda classe, tropeça em sua própria história, hoje escrita por jogadores mascarados, que caem muito em campo, simulam muita infração e só sabem reclamar da arbitragem, e futebol que é bom nada.

Mas o torcedor brasileiro, eterno apaixonado, ainda carrega a esperança de ver tudo isso mudar. Quem sabe, num futuro próximo, não surja um novo goleador irreverente, um novo Zico — e então possamos, enfim, voltar a nos arrepiar com a voz inconfundível de José Carlos Araújo, que ao microfone nos faça gritar de novo aquele: golão, golão, golão!

Mas tem quer ser um golão cheio de emoção, de alma, de saudade boa, dos tempos em que o futebol era arte e a seleção, eram um espetáculo imperdível, e que dava gosto ver jogar. E não ver em campo um ‘timeco’ medíocre, que pela ‘sacanagem’ que faz em campo, de há muito, deixou de encantar.

DEUS MEU! QUE NÃO SEJA NUNCA COMO ESSES MASCARADOS QUEREM!

AMÉM!


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