PORTO VELHO - RO - O tabuleiro político de Rondônia segue embaralhado às vésperas da corrida eleitoral de 2026. A principal peça do jogo continua fora do tablado, ao menos juridicamente, mas seu nome paira sobre todas as articulações: Ivo Cassol. Mesmo inelegível no momento, o ex-governador permanece como a grande sombra e, ao mesmo tempo, o sol que aquece — e queima — os planos dos demais postulantes ao Palácio Rio Madeira.

A força de Cassol é tamanha que, segundo um experiente analista da política local ouvido pelo Rondonoticias, “se a eleição fosse hoje, ele estaria eleito”. A declaração não soa como exagero, diante da paralisia estratégica de muitos grupos políticos que evitam lançar candidaturas antes de uma definição da Justiça sobre o futuro do ex-governador.

O temor — ou respeito político — é perceptível. O prefeito de Cacoal, por exemplo, nome conhecido apenas em sua região e que tem ensaiado uma candidatura ao governo com crescente destaque na mídia, já avisou: só entra na disputa se Cassol estiver fora.

Mas o que explica esse vínculo quase visceral entre Cassol e o eleitorado de Rondônia? Essa é a pergunta que intriga tanto adversários quanto analistas. Longe do CPA desde 2010, o ex-governador permanece como uma figura carismática, direta no discurso, com forte apelo popular e identificação com o homem do campo, o pequeno comerciante e o cidadão comum. Seu estilo “sem papas na língua”, que incomoda a elite política tradicional, parece ser justamente o que o povo quer ouvir e espera do futuro mandatário do Centro Político Administrativo do Estado.

Cada vez que se fala em um possível retorno de Cassol, as redes sociais se inflamam, os bastidores se agitam e o eleitor — especialmente aquele que vive longe dos centros urbanos — reage com entusiasmo. A sensação é de que, em meio a tantas figuras burocráticas, o ex-governador ainda encarna uma liderança de raiz, de rosto conhecido e fala compreensível.

Por ora, o cenário segue suspenso. Todos aguardam o veredito judicial. Mas se Cassol for liberado, o jogo muda — e para muitos, já termina ali.