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porto velho, segunda-feira 2 de junho de 2025
PORTO VELHO, RO - Primeiro era a ‘Rodovia do Sol, da Água e do Verde’. Um lindo sonho traçado no mapa e regado a promessas, que emergiu do limbo em 1976 como uma serpente de asfalto no meio da mata bruta, destinada a ligar o Norte ao coração do Brasil. A estrada nasceu de um acordo selado entre o Brasil e a Venezuela, sob a batuta dos generais, embalado pelo bordão do “Pra Frente Brasil” — ancorado pelo slogan “Integrar para não Entregar”.
Ao lado da Rodovia Transamazônica, foi uma das obras mais caras da terra. Custou bilhões e levou com ela 20% da dívida externa brasileira. Seu ventre foi rasgado com máquinas de guerra — anfíbios metálicos que mais pareciam bestas de aço e avançavam com valentia, pântano adentro, triturando a selva e abrindo um ‘picadão’ em nome do progresso.
Mas aquele futuro promissor virou miragem. Há quase quarenta anos atrás, a estrada foi fechada oficialmente e o sonho, empurrado para a lata do lixo da história. O que restou foi um rastro de abandono — um caminho engolido pela floresta e sepultado sob o barro. Hoje, a BR é uma cicatriz aberta na Amazônia, onde o mato cresce como insulto e os atoleiros engolem caminhões e torram a paciência dos motoristas, como se a estrada tivesse fome de justiça.
Resultado: A BR-319 se tornou a estrada dos esquecidos, o trilho de lama de um Brasil que virou as costas para o seu norte. O sonho de integração virou um pesadelo de isolamento. O que deveria ser um corredor de desenvolvimento transformou-se em caminho de onça, trilha de dor e humilhação, entregaram-na, ao contrário do slogan que ancorou seu ponto de partida.
Agora, no entanto, quando o povo tenta reacender a esperança, surgem as barreiras invisíveis de Brasília, muitas vezes erguidas mais por vaidade e birra do que por razão. Prova disso foi o recente embate no Senado entre o senador Marcos Rogério (PL-RO) e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O que se viu foi mais do que um bate-boca: foi o choque entre duas visões de país — uma que luta pela integração do norte e outra que, por birra ideológica, atravanca o desenvolvimento da região e ainda se faz de rogada.
A ministra, envolta em seus dogmas, tem sido como uma sombra sobre os trilhos da esperança de rondonienses e amazonenses, dificultando a recuperação da BR-319 com argumentos que soam mais como resistência política do que defesa ambiental legítima. Sua postura, fria e inflexível, vem sufocando a chance de milhares de nortistas reencontrarem dignidade, mobilidade e lazer entre os dois estados. E o mais absurdo: a própria Marina Silva, nascida no Acre, filha da floresta e conhecedora das agruras da região, chegou a declarar que rondonienses e amazonenses queriam a estrada apenas para passear — como se o sofrimento do povo fosse capricho e não urgência.
Trata-se de uma ministra que, mesmo sendo da região, age como se tivesse esquecido suas raízes. Em vez de defender seu povo, parece colocar o dedo no suspiro das esperanças nortistas, soprando desprezo sobre qualquer fagulha de progresso. Seu discurso soa como uma negação amarga do lugar de onde veio — um desdém com sotaque conhecido, mas que agora ecoa como zombaria.
Enquanto isso, o tempo corre, como um rio que leva embora as promessas não cumpridas, inclusive pelo presidente Lula quando esteve em Manaus. E a estrada continua lá: coberta de mato, afogada em lama, sufocada pela omissão. Em outras regiões, como São Paulo e Goiás, as estradas brilham como tapetes negros, orgulho dos governantes que entenderam que asfalto é artéria por onde circula o sangue do progresso, mas Marina, crer que não!
Aqui, para o gáudio da ministra, o Norte segue de joelhos, com o barro até a cintura e a esperança na mão. A BR-319, que poderia ser a espinha dorsal do desenvolvimento amazônico, é tratada como uma ferida que ninguém quer curar. E se depender da ‘doutora’ Marina, que se lasque o progresso e quem dela precisa para transportar e viver.
O certo é que faltam desculpas: Mas o que falta mesmo é vergonha na cara e coragem nos gestos. Os parlamentares da região seguem à margem e nas mãos de Marina, como barcos à deriva num rio de conveniências, como é o caso de senador Confúcio Moura que, apoiando Lula, segue satisfeito e ausente desse debate tão inteligente.
Se nossos representantes agissem em bloco, como muralha de vozes unidas, talvez o Norte já estivesse novamente conectado ao restante do país. Mas ao contrário, preferem sussurrar nos corredores do poder, enquanto seus eleitores afundam no barro pisado.
Chegou a hora então de erguer a voz. De dizer basta à omissão, à hipocrisia e às desculpas vazias. A recuperação da BR-319 deve ser um clamor coletivo, um compromisso de honra com o povo que nela acredita. Um povo que não quer luxo — quer apenas o direito de ir e vir sem medo, sem lama, sem dor.
Se governar é, como dizia Washington Luís, “abrir estradas”, então é tempo de lembrar que não se constrói Nação com muros, mas com caminhos lógicos. Caminhos que conectam, que libertam, que levam o progresso até onde ele nunca chegou.
É bom mesmo colocar Marina no seu lugar de nortista aguerrida, defensora da região e de seus conterrâneos, ou se cava de vez o abismo da exclusão, usando as digitais dela como escudo.
Se não for assim, seremos como aves de arribação, empurradas para longe de nossa terra pela ausência de futuro, de um país que insiste em olhar para o norte como peso, e não como potência.
OU SE REFLETE E REAGE, OU SE AJOELHA AOS DESÍGNIOS DE MARINA!
Amém!