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    porto velho, quarta-feira 12 de fevereiro de 2025

Eleição na Argentina já está afetando a economia brasileira, afirmam professores de economia

Afundados em uma crise econômica de décadas, argentinos precisarão escolher entre ruptura ou continuidade na relação com o Brasil e na economia em geral


IG

Publicada em: 26/10/2023 16:20:40 - Atualizado


MUNDO: No dia 19 de novembro, os argentinos vão às urnas escolher o próximo presidente da República. Os candidatos do 2º turno são antagônicos: o controverso deputado Javier Milei , representante da extrema direita, e o atual ministro da Economia, Sergio Massa , representando o peronismo. Perdendo protagonismo a cada ano na balança comercial brasileira, a Argentina também escolherá nessa eleição o futuro da relação com o Brasil.

Em 2022, o Brasil teve superávit comercial de US$ 2,2 bilhões com a Argentina , pouco mais de um quarto dos US$ 8,1 bilhões registrados em 2017.

A Argentina só perde para China e Estados Unidos entre maiores compradores de produtos brasileiros. Já o Brasil perdeu o posto de maior impotador da Argentina para a China.

Esse cenário pode mudar a depender do resultado eleitoral no próximo mês, já que o candidato governista Sergio Massa mantém boa relação com o Brasil, mas o ultra direitista Javier Milei acumula críticas ao presidente Lula e à economia brasileira.

Massa é o homem à frente da crise sem precedentes pela qual o país passa, com inflação superior a 100% em 12 meses, atrelada à desvalorização cambial de quase 150%. Se eleito, ele promete não só a estabilização do câmbio, como também uma divisão mais igualitária de renda, com investimentos em programas sociais e na educação pública.

Milei, por sua vez, se descreve como anarcocapitalista e tem como bandeiras para solucionar a crise econômica a dolarização da economia e a extinção do Banco Central. 

Segundo Roberto Uebel, professor de relações internacionais da ESPM, Massa é mais racional e tem mais conhecimento das instituições para dialogar a saída da crise, enquanto Milei "se utiliza de argumentos fáceis e populistas para tentar trazer soluções para problemas muito complexos".

"Por exemplo, fechar o Banco Central, dolarização total da economia, rompimento com a com o Mercosul e com a China, um afastamento do Brasil. Isso demonstra que, apesar do Milei ser economista, tem um grande desconhecimento sobre o funcionamento das instituições de condução de política econômica", comenta.

Sobre as propostas econômicas do ultra-direitista, Uebel ressalta que nem mesmo países de economia liberal têm na sua literatura algo parecido com o que defende o deputado.

"A Argentina não tem reservas suficientes para dolarizar sua economia. Ela tem um problema muito sério também com relação à sua matriz econômica que é muito voltada para o exterior. É agroexportadora, assim como o Brasil. Então, qualquer oscilação cambial afetaria diretamente não só o produtor e exportador argentino, mas também o cidadão comum que compra jornal na banca da esquina", opina.


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