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    porto velho, segunda-feira 20 de janeiro de 2025

Esposa de 'Faraó do Bitcoin' é acusada de aplicar golpes na Venezuela

Criou um império que chegou a movimentar R$ 38 bilhões — dinheiro que, para as autoridades, é fruto de atividades ilegais.


AGENCIA O GLOBO

Publicada em: 14/10/2021 17:45:20 - Atualizado

RIO DE JANEIRO - Pouco se sabe sobre a vida da venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, de 38 anos, desde que ela deixou o país natal, por volta de 2015, e mudou-se para o Rio de Janeiro com o marido Glaidson Acácio dos Santos, o "faraó dos bitcoins" . Em solo brasileiro, o casal criou um império que chegou a movimentar R$ 38 bilhões em apenas seis anos — dinheiro que, para as autoridades, é fruto de atividades ilegais.

Na denúncia que enquadrou os dois e outros 15 comparsas por crime contra o sistema financeiro nacional e organização criminosa, aceita pela Justiça Federal, o Ministério Público Federal (MPF) revela indícios de que Glaidson e, sobretudo, Mirelis já tinham ligação com fraudes envolvendo bitcoins na Venezuela, onde se conheceram enquanto o ex-garçom atuava como pastor da Igreja Universal.

Mais do que isso: o modelo de atuação supostamente posto em prática à época guarda semelhanças com o esquema que os donos da GAS Consultoria, empresa que prometia aos investidores lucro de 10% ao mês mediante supostas transações com criptomoedas, adotariam e ampliariam no Brasil.

O documento obtido, e assinado por seis promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), elenca informações obtidas na internet, em fontes abertas, sobre o passado do casal. Em agosto de 2015, uma discussão em inglês sobre transações com criptoativos no Reddit, fórum virtual de debates, citava nominalmente Mirelis e Glaidson.

"Algumas pessoas estão tentando honestamente conseguir empréstimos para operar. Outras estão tentando apenas enganar todo mundo", diz um usuário da rede na postagem, acrescentando que duas únicas pessoas possuíam, à época, 295 bitcoins nas plataformas BitLendingClub e BTC Jam, utilizadas para transações com a moeda digital — montante equivalente, na cotação de então, a aproximadamente R$ 400 mil.

Um segundo internauta responde: "Talvez um dia Mirelis faça o maior dos golpes com seu marido Glaidson". O homem, que diz conhecer o casal por também ser venezuelano, conclui: "Espero que ela não fuja, mas 300 bitcoins é muita coisa, especialmente na América do Sul".

A denúncia também reproduz uma conversa ocorrida em dezembro de 2017, no Twitter, entre dois especialistas em bitcoin. "Houve uma venezuelana que há alguns anos ficou rica com 400 bitcoins. E acho que perdeu todas", afirma um dos usuários, dessa vez em espanhol. "Como era mesmo o nome dela? Ela tinha um esquema Ponzi armado no BitLendingClub", responde o outro.

Segundo a Secretaria-Geral da Presidência da República, iniciativas como essa fazem também parte de um acordo bilateral entre os dois Países para “cooperação em matéria de defesa” firmado em Washington, em 12 de abril de 2010, e promulgado em 18 de dezembro de 2015.


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