• Fundado em 11/10/2001

    porto velho, quinta-feira 25 de abril de 2024

A mulher que morreu com dezenas de perfurações após cirurgia plástica: 'Carnificina'

Depois de uma lipoescultura, Sára Gomez ficou um mês na UTI antes de morrer em 1º de janeiro na Espanha.


g1

Publicada em: 19/01/2022 14:26:38 - Atualizado

MUNDO: "Estamos em choque. Não podemos acreditar." A família de Sara Gómez, uma mulher de 39 anos que morreu em 1º de janeiro na Espanha após uma cirurgia plástica, ainda tenta assimilar o que aconteceu.

Eles ainda não entendem como Sara saiu da cirurgia com "lesões típicas de uma briga com armas", cerca de 30 perfurações de 0,5 a 2 centímetros em órgãos como rins, cólon, intestino ou fígado, entre outros, segundo um advogado da família.

"Queremos que todo o peso da lei recaia sobre os culpados, porque foi uma carnificina", disse Ezequiel Nicolás, ex-marido de Sara e porta-voz da família da mulher, que acusa o cirurgião e o anestesista que a operaram de homicídio por imprudência.

Em 2 de dezembro, a mulher – que estava bem de saúde, segundo sua família – deu entrada em uma clínica particular de Cartagena, uma cidade portuária no sudeste da Espanha, para se submeter a uma lipoescultura.

Nesse tipo de intervenção, a gordura é extraída de uma parte do corpo por meio de uma cânula e é transferida para outras regiões para remodelar a forma de uma pessoa.

Após cinco horas de operação, o cirurgião garantiu à família de Sara que tudo havia corrido bem, embora ela estivesse um pouco instável.

No entanto, horas depois, a paciente foi transferida em situação gravíssima – por perda de sangue e outros líquidos – para o hospital. Ela permaneceu na unidade de terapia intensiva por quase um mês, até morrer em 1º de janeiro.

A operação durou mais do que o previsto, e foi realizada entre 9h e 14h30. Só quase quatro horas depois o médico chamou o serviço de emergência, segundo o advogado da família, Inácio Martínez.

"Nos mais de 30 anos que tenho lidado com esse tipo de caso, já vi de tudo, mas esse é o mais incompreensível de todos", disse Martínez.

Líquido avermelhado

No laudo médico do hospital onde Sara morreu, constam lesões como "necrose da parede abdominal, peritonite, abscesso com conteúdo intestinal, dissecção de todo o retroperitônio direito e esquerdo com exposição de ambos os músculos iliopsoas, grande tumefação e congestão gastrointestinal com múltiplas perfurações".

O cirurgião, um chileno de 38 anos, garante, segundo seu advogado, que a cirurgia foi realizada sem complicações e que isso foi confirmado pelo anestesista.

No entanto, 12 dias após a intervenção, o anestesista compareceu ao Departamento de Saúde da região de Múrcia, onde fica Cartagena, e assegurou ter avisado o médico de que a paciente sofria de episódios de queda de pressão e que o líquido extraído dela tinha uma cor escura, avermelhada, quando o normal é que seja amarelada quando se trata de gordura.

O advogado da família de Sara argumentou que, por um lado, há "clara negligência médica" por parte do cirurgião "em ter inserido a cânula no peritônio [tecido que reveste a parede abdominal e recobre a maior parte dos órgãos no abdômen] e não no espaço entre a pele e o músculo, que é onde está a gordura.

Também "não se entende por que não interromperam a operação quando viram que o líquido extraído era de cor avermelhada, especialmente considerando que o anestesista avisou, ou por que chamaram os serviços de emergência tão tarde".

O advogado do cirurgião, Pablo Martínez, diz, no entanto, que seu cliente não detectou nenhum tipo de sangramento ou qualquer fato que o fizesse pensar que algo estava errado durante a operação, "porque, se ele tivesse notado algo estranho, ele teria parado a intervenção".


Fale conosco