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porto velho, quinta-feira 23 de janeiro de 2025
MUNDO: "Estamos em choque. Não podemos acreditar." A família de Sara Gómez, uma mulher de 39 anos que morreu em 1º de janeiro na Espanha após uma cirurgia plástica, ainda tenta assimilar o que aconteceu.
Eles ainda não entendem como Sara saiu da cirurgia com "lesões típicas de uma briga com armas", cerca de 30 perfurações de 0,5 a 2 centímetros em órgãos como rins, cólon, intestino ou fígado, entre outros, segundo um advogado da família.
"Queremos que todo o peso da lei recaia sobre os culpados, porque foi uma carnificina", disse Ezequiel Nicolás, ex-marido de Sara e porta-voz da família da mulher, que acusa o cirurgião e o anestesista que a operaram de homicídio por imprudência.
Em 2 de dezembro, a mulher – que estava bem de saúde, segundo sua família – deu entrada em uma clínica particular de Cartagena, uma cidade portuária no sudeste da Espanha, para se submeter a uma lipoescultura.
Nesse tipo de intervenção, a gordura é extraída de uma parte do corpo por meio de uma cânula e é transferida para outras regiões para remodelar a forma de uma pessoa.
Após cinco horas de operação, o cirurgião garantiu à família de Sara que tudo havia corrido bem, embora ela estivesse um pouco instável.
No entanto, horas depois, a paciente foi transferida em situação gravíssima – por perda de sangue e outros líquidos – para o hospital. Ela permaneceu na unidade de terapia intensiva por quase um mês, até morrer em 1º de janeiro.
A operação durou mais do que o previsto, e foi realizada entre 9h e 14h30. Só quase quatro horas depois o médico chamou o serviço de emergência, segundo o advogado da família, Inácio Martínez.
"Nos mais de 30 anos que tenho lidado com esse tipo de caso, já vi de tudo, mas esse é o mais incompreensível de todos", disse Martínez.
No laudo médico do hospital onde Sara morreu, constam lesões como "necrose da parede abdominal, peritonite, abscesso com conteúdo intestinal, dissecção de todo o retroperitônio direito e esquerdo com exposição de ambos os músculos iliopsoas, grande tumefação e congestão gastrointestinal com múltiplas perfurações".
O cirurgião, um chileno de 38 anos, garante, segundo seu advogado, que a cirurgia foi realizada sem complicações e que isso foi confirmado pelo anestesista.
No entanto, 12 dias após a intervenção, o anestesista compareceu ao Departamento de Saúde da região de Múrcia, onde fica Cartagena, e assegurou ter avisado o médico de que a paciente sofria de episódios de queda de pressão e que o líquido extraído dela tinha uma cor escura, avermelhada, quando o normal é que seja amarelada quando se trata de gordura.
O advogado da família de Sara argumentou que, por um lado, há "clara negligência médica" por parte do cirurgião "em ter inserido a cânula no peritônio [tecido que reveste a parede abdominal e recobre a maior parte dos órgãos no abdômen] e não no espaço entre a pele e o músculo, que é onde está a gordura.
Também "não se entende por que não interromperam a operação quando viram que o líquido extraído era de cor avermelhada, especialmente considerando que o anestesista avisou, ou por que chamaram os serviços de emergência tão tarde".
O advogado do cirurgião, Pablo Martínez, diz, no entanto, que seu cliente não detectou nenhum tipo de sangramento ou qualquer fato que o fizesse pensar que algo estava errado durante a operação, "porque, se ele tivesse notado algo estranho, ele teria parado a intervenção".