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porto velho, sexta-feira 31 de janeiro de 2025
MUNDO - Uma menina de apenas 13 anos de uma comunidade marginalizada na Índia tomou coragem e foi à delegacia de sua cidade denunciar ter sido vítima de estupro coletivo. No entanto, o policial para quem ela fazia a denúncia, no lugar de registrar o ocorrido, também estuprou a adolescente, afirmaram autoridades locais.
O policial foi preso nesta quinta-feira (5). O caso aconteceu no Estado de Uttar Pradesh, no norte do país, onde fica o Taj Mahal, o mausoléu que é Patrimônio Mundial da Unesco. E jogou luz aos casos frequentes de estupro a mulheres de uma minoria marginalizada à qual a adolescente pertence.
Segundo autoridades de Uttar Pradesh, a tia da menina também foi detida por suspeita de estar envolvida no crime. Outros 29 funcionários da delegacia foram suspensos de suas atividades acusados de conivência.
A adolescente pertence à comunidade Dalit, ainda marginalizada e alvo de estupro por parte de membros das castas superiores, geralmente alvo da indiferença policial.
Também esta semana, outra adolescente em Uttar Pradesh foi arrancada do carro onde estava com a tia e estuprada por quatro jovens, segundo o jornal "Times of India". Os criminosos, de acordo com a mídia local, filmaram o estupro, e as imagens viralizaram nas redes sociais.
Segundo a imprensa local, o pai da menina afirmou que ela foi estuprada durante vários dias por quatro homens no mês passado. Os criminosos, de acordo com a mídia, sequestraram a menina.
A Organização Não Governamental Childline, que atende vítimas de crimes como o estupro, denunciou que a adolescente também foi estuprada pelo policial ao tentar denunciar o caso.
O caso gerou revolta ao redor do país. Manifestações para chamar atenção para casos de estupro a adolescentes têm sido cada vez mais comuns na Índia.
Em janeiro, centenas de estudantes universitárias protestaram em Nova Deli depois que uma menina de 20 anos foi sequestrada, estuprada e espancada por uma suposta vingança de uma gangue local.
Nas redes sociais, vários políticos e personalidades se manifestaram.
"Se as delegacias de polícia não são seguras para as mulheres, então aonde irão para fazer denúncias?", questionou o deputado indiano Priyanka Gandhi Vadra, da oposição. "O governo de Uttar Pradesh pensou em aumentar a presença de mulheres nas delegacias, para torná-las mais seguras para as mulheres?".
Em 2012, uma adolescente morreu na Índia após ser estuprada e torturada por vários homens em um ônibus em Nova Délhi.
Desde então, as leis e as penas relativas a estupro na Índia foram revisadas e endurecidas, mas o país continua registrando mais de 28.000 estupros declarados em 2020, segundo estatísticas oficiais.