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    porto velho, sábado 1 de fevereiro de 2025

196 padres na Alemanha abusaram sexualmente de 610 crianças revela dossiê da Universidade de Münster

As conclusões fazem parte de um relatório independente, elaborado por cinco especialistas da Universidade de Münster


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Publicada em: 14/06/2022 11:27:53 - Atualizado


MUNDO-Durante sete décadas e meia, pelo menos 196 padres abusaram sexualmente de 610 crianças da diocese de Münster, a 470km a oeste de Berlim. No entanto, o número real de vítimas pode chegar a 6 mil. As conclusões fazem parte de um relatório independente, elaborado por cinco especialistas da Universidade de Münster . Os peritos avaliaram as denúncias de pedofilia entre 1945 e 2020. O número de clérigos identificados como abusadores representa 4% do total da diocese — 90% deles jamais foram processados.

Mike McDonnell — gerente de comunicação da Rede de Sobreviventes de Abusos Praticados por Padres (SNAP) e violentado pelos padres John P. Schmeer e Francis X. Trauger, dos 11 aos 13 anos, na Filadélfia — disse ter a certeza de muitas vítimas escolheram não participar do estudo para proteger o anonimato. "Com base nas investigações feitas no Reino Unido, na França e nos EUA, o número de vítimas em Münster é extremamente baixo. Se a média de idade para a revelação de abuso por uma vítima é de 52 anos, isso ssignifica que não escutamos nenhuma vítima dos anos 1990 até o dias atuais", alertou.

McDonnell demonstra ceticismo em relação aos desdobramentos legais após a divulgação do relatório. "Não estou confiante sobre nenhuma ação criminal. Tenho certeza de que autoridades eclesiásticas suspenderão e removerão alguns padres, se eles ainda estão em atividade no ministério, apenas para retratar o bispo como alguém 'durão' no que diz respeito aos abusos", acrescentou.

Ainda segundo o dossiê, em média, dois atos de pedofilia ocorreram a cada semana na diocese de Münster, entre 1960 e 1970. Historiador da Universidade de Münster e um dos autores do relatório, Klauss Grosse Kracht admitiu que o documento "reflete um espantoso histórico". Durante entrevista coletiva, ele explicou que os abusadores "se calaram, guardaram silêncio e somente intervieram superficialmente quando foi necessário, a fim de evitar um escândalo". Para Kracht, a Igreja Católica se engajou no encobrimento sistemático dos abusos.

Por sua vez, a também autora do relatório Natalie Powroznik considera que o número real de vítimas deve ser de oito a dez vezes maior. "Entre 5 mil e 6 mil meninos e meninas sofreram abusos sexuais", estimou, de acordo com a agência de notícias France-Presse. O escândalo da pedofilia dentro da Igreja Católica alemã se estende a outras regiões e implica gravemente o papa emérito Bento XVI, no período em que atuou como arcebispo da Baviera, entre 1950 e 1977.

Pelo menos 497 pessoas, em sua maioria crianças e adolescentes, foram vítimas de abusos sexuais na arquidiocese de Munique-Freising, de 1945 a 2019. Um relatório produzido por um escritório de advocia acusou Joseph Ratzinger de inação.


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