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porto velho, domingo 2 de fevereiro de 2025
MUNDO: Os restos do foguete chinês que entregou um novo módulo à estação espacial do país asiático na segunda-feira (25) devem cair na Terra no início da próxima semana, de acordo com o Comando Espacial dos Estados Unidos, que está rastreando a trajetória da espaçonave.
O Long March 5B, de 23 toneladas, que transportava parte do laboratório Wentian, decolou da ilha de Hainan às 14h22 (hora local) no domingo (24). O módulo atracou com sucesso no posto orbital da China.
Com seu trabalho concluído, o foguete entrou em uma descida descontrolada em direção à atmosfera da Terra e não está claro onde pousará. Essa é a terceira vez que o país é acusado de não lidar adequadamente com detritos espaciais de estágios de foguetes.
“É um objeto de metal de 20 toneladas. Embora se desfaça ao entrar na atmosfera, vários pedaços – alguns bem grandes – atingirão a superfície”, disse Michael Byers, professor da Universidade de British Columbia e autor de um estudo recente sobre o risco de vítimas de detritos espaciais.
Os detritos espaciais representam um risco extremamente mínimo para os seres humanos, explicou Byers, mas é possível que partes maiores possam causar danos se atingirem regiões habitadas.
O professor pontuou que, devido ao aumento do lixo espacial, as chances aumentam um pouco, especialmente no hemisfério sul. Ele citou uma pesquisa publicada na revista Nature Astronomy, na qual foi apontado que corpos de foguetes têm três vezes mais chances de cair nas latitudes de Jacarta (Indonésia), Daca (Bangladesh) e Lagos (Nigéria) do que as de Nova York (EUA), Pequim (China) ou Moscou (Rússia).
“Esse risco é totalmente evitável, já que agora existem tecnologias e projetos de missões espaciais que podem fornecer reentradas controladas (geralmente em áreas remotas dos oceanos) em vez de descontroladas e totalmente aleatórias”, destacou.
Holger Krag, chefe do Escritório de Detritos Espaciais da Agência Espacial Europeia, afirmou que a melhor prática é realizar uma reentrada controlada visando uma parte remota do oceano, sempre que o risco de acidentes for muito alto.
Ele acrescentou que a zona de reentrada do foguete chinês estava geograficamente limitada entre as latitudes de 41 graus ao sul e 41 graus ao norte da Linha do Equador.
O Comando Espacial dos EUA disse que continuará rastreando a queda do foguete, de acordo com um porta-voz.
Com base em condições atmosféricas variadas, o ponto exato de entrada do estágio da espaçonave na atmosfera da Terra “não pode ser identificado até poucas horas após sua reentrada”, informou o representante, mas estima-se que ele adentre a atmosfera da Terra por volta de 1º de agosto.
O 18º Esquadrão de Defesa Espacial, parte das forças armadas dos EUA que rastreia as reentradas, também fornecerá atualizações diárias sobre sua localização.
Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian, disse que detritos espaciais pesando mais de 2,2 toneladas são normalmente levados para um local específico em sua primeira órbita da Terra.
“A questão é que coisas tão grandes normalmente não são colocadas em órbita sem um sistema de controle ativo”, observou.