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    porto velho, domingo 15 de junho de 2025

Lula convida líderes sul-americanos para 'retiro' em Brasília e Maduro será convidado

O formato escolhido pelo governo brasileiro, confirmaram fontes envolvidas na organização, tem a intenção de criar um ambiente íntimo


oglobo

Publicada em: 27/04/2023 16:28:41 - Atualizado

Uma carta assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo entregue — em alguns casos em mãos — aos presidentes sul-americanos para convidá-los oficialmente para participar de um "retiro" de chefes de Estado da região em Brasília, em 30 de maio.

O formato escolhido pelo governo brasileiro, confirmaram fontes envolvidas na organização, tem a intenção de criar um ambiente íntimo, no qual os chefes de Estado possam conversar, sem interrupções e grandes delegações por perto, sobre a ideia do Brasil de reativar a União de Nações Sul-americanas (Unasul), entre outros temas da agenda regional.

Na carta, a cujo conteúdo O GLOBO teve acesso, o presidente brasileiro defende a necessidade de revitalizar a integração na América do Sul; pede que diferenças sejam deixadas de lado em nome de um destino comum; fala da necessidade de cooperar em matéria de defesa, saúde e infraestrutura, entre outros temas; menciona os desafios geopolíticos do mundo atual, a importância de buscar soluções coletivas, e de reposicionar a América do Sul como ator no tabuleiro global; diz ser imperioso que os países da região voltem a conceber a América do Sul como uma região de paz e cooperação; e pede que todos se sentem à mesa e dialoguem com transparência e espírito construtivo.

O Brasil se retirou da Unasul, por decreto, durante o governo de Jair Bolsonaro e retornou em março passado, por outro decreto do governo Lula. O Brasil entrou formalmente no bloco em 2011, quando o Congresso aprovou o tratado internacional que formaliza sua incorporação e que nunca deixou de estar vigente.

O formato de “retiro”, mencionado por Lula no texto, é utilizado em cúpulas presidenciais quando existe a necessidade de promover uma conversa reservada entre os participantes. A dinâmica do retiro, explica uma fonte diplomática, é menos estruturada do que grandes plenários, e propicia encontros mais diretos entre os chefes de Estado.

Alguns presidentes já receberam a carta de Lula, entre eles o colombiano Gustavo Petro, que esteve esta semana com o Assessor Especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, em Bogotá, no âmbito de um encontro convocado pelo governo da Colômbia para discutir o processo de diálogo — atualmente suspenso — entre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e a oposição de seu país.

Amorim, que representa o Brasil nos esforços por contribuir com o processo político venezuelano, teve um encontro a sós com Petro, no qual entregou a carta do presidente brasileiro e, segundo confirmou, também fez um convite em nome do Brasil para que o presidente colombiano faça uma visita bilateral ao país. O presidente colombiano aceitou, e ambos conversaram, ainda, sobre meio ambiente, comércio e outros temas bilaterais.

Outras cartas serão entregues pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que semana que vem visitará Quito e La Paz, onde se reunirá com os presidentes Guillermo Lasso e Luis Arce, respectivamente. Convencer o presidente equatoriano a participar do retiro em Brasília não será fácil por suas divergências — incontornáveis, segundo fontes equatorianas — com o governo de Maduro.

O convite para o retiro sul-americano ainda não chegou ao Palácio de Miraflores, confirmaram fontes venezuelanas, mas no último dia 25 de abril esteve em Caracas o ex-chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado, atual Embaixador Extraordinário para Mudanças Climáticas, que foi recebido por Maduro no palácio presidencial.


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