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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASÍLIA: O presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão na manhã desta sexta-feira (1º). De acordo com comunicado da estatal, a nomeação de um CEO interino será examinada ao longo do dia pelo Conselho de Administração. Ainda de acordo com o comunicado, a diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração.
A trajetória de Pedro Parente, de 'presidenciável' a bode expiatório da greve dos caminhoneiros
"Acabou a influência política na Petrobras", disse Pedro Parente, há exatamente dois anos, no dia 1º de junho de 2016, durante sua cerimônia de posse como presidente da estatal.
Naquele dia, ele não chegou a falar se haveria mudança na composição dos preços de combustíveis, mas afirmou que aquela passaria a ser uma "decisão empresarial".
Aos 63 anos, o carioca substituía Aldemir Bendine - que havia renunciado ao cargo e que seria preso um ano depois, no âmbito da operação Lava Jato - e se deparava com uma das maiores crises pelas quais a companhia havia passado desde sua fundação, em 1953.
"Era um buraco negro", ilustra Edmilson Moutinho dos Santos, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
"Receitas de exportação em queda, com o colapso do preço do óleo bruto, receitas domésticas reprimidas, com políticas de preços domésticos populistas, elevada taxa de endividamento, com dívidas fora do controle em relação ao comportamento das receitas, perda de credibilidade nos mercados de capitais de longo prazo, prejuízos crescentes", lembra o especialista.
A Petrobras teve prejuízos em 2014 (R$ 21,9 bilhões), 2015 (R$ 34,8 bilhões), 2016 (R$ 14,8 bilhões) e 2017 (R$ 446 milhões). No primeiro trimestre de 2018, pela primeira vez desde o início da operação Lava Jato, ela apresentou lucro, de R$ 6,9 bilhões, e distribuiu dividendos depois de quatro anos sem remunerar seus acionistas.
Este foi, contudo, o pior momento de Parente na estatal desde que assumiu o cargo. Diante da crise aberta pelas paralisações de caminhoneiros, a política de preços adotada há dois anos pela companhia, que busca a paridade com preços internacionais, passou a ser questionada e criticada.
Membros do governo, como o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, defenderam nos últimos dias uma revisão do sistema de preços e senadores - inclusive do PSDB, partido com o qual Parente sempre teve boa relação - chegaram a cobrar no plenário que ele fosse demitido.
"Se o Pedro Parente não aceitar rever a política de reajuste, que ele saia da Petrobras, ou o presidente da República exerça o mínimo de autoridade. Um governo minimamente sólido já o teria demitido", disse Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) em entrevista na semana passada.
Apenas meses antes, o cenário era oposto: diante da melhora dos indicadores financeiros da Petrobras, Parente chegou a ser aventado como possível candidato à Presidência, um nome que uniria a centro-direita nas eleições de outubro.