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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASIL: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (13) que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, indiciado pela Polícia Federal por corrupção e organização criminosa, tem o direito de provar que é inocente. O presidente disse, também, que vai conversar com o ministro antes de tomar uma decisão sobre o assunto.
“Eu acho que o fato de o cara estar indiciado não significa que ele cometeu um erro. Significa que alguém está acusando, e a acusação foi aceita. Agora, é preciso que as pessoas provem que são inocentes. E ele tem o direito de provar que é inocente. Eu não conversei com ele ainda, vou conversar hoje e vou tomar decisão sobre esse assunto”, afirmou Lula em Genebra.
Filho foi indiciado pela Polícia Federal nesta quarta-feira (12) por ao menos seis crimes devido à suspeita de desvio de recursos públicos destinados a obras de pavimentação. Entre os crimes apontados pela corporação, estão os de falsidade ideológica, corrupção passiva e integrar organização criminosa.
Além disso, o ministro foi indiciado pelos seguintes crimes: frustração do caráter competitivo de licitação; violação de sigilo em licitação; e ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
Juscelino se manifestou sobre o indiciamento por meio de uma nota, na qual afirma que “a investigação, que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter se desviado de seu propósito original”. Segundo ele, o inquérito “concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos”.
Ele destaca que “o indiciamento é uma ação política e previsível, que parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito”. “É importante deixar claro que não há nada, absolutamente nada, que envolve minha atuação no Ministério das Comunicações, pautada sempre pela transparência, pela ética e defesa do interesse público”, ressalta Juscelino.
A Polícia Federal identificou os crimes ao apurar o desvio de verbas federais destinadas a obras da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Juscelino Filho teria atuado para favorecer empreiteira ligada a políticos e apontada como integrante de um cartel com envolvimento em desvios de recursos.
Em setembro do ano passado, a corporação deflagrou uma operação para desarticular organização criminosa estruturada para promover fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo os recursos da companhia. Na ocasião, agentes da PF cumpriram 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), nas cidades maranhenses de São Luís, Vitorino Freire e Bacabal.
Além disso, o ministro do STF Luís Roberto Barroso chegou a determinar o bloqueio de R$ 835 mil de Juscelino Filho. À época, Barroso não autorizou uma busca pessoal requerida pela Polícia Federal porque faltavam indícios mais concretos da atuação direta do ministro das Comunicações no esquema de desvio de recursos.
O presidente participa nesta quinta-feira (13) do Fórum Inaugural da Coalização para Justiça Social, na Suíça. O grupo trata do enfrentamento das desigualdades, da concretização de direitos trabalhistas e humanos, da expansão da capacidade e acesso aos meios produtivos e da promoção do trabalho decente. O fórum é uma iniciativa do diretor-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Gilbert Houngbo, ao lado de quem Lula vai exercer a co-presidência da coalização.
“Os países vão apresentar iniciativas, projetos e ações em torno desses temas. Depois da abertura vão ser realizados três painéis: construir a resiliência das sociedades, melhoria da coerência de políticas econômicas e sociais e promoção do diálogo social para a prosperidade”, disse o embaixador Carlos Márcio, secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Itamaraty.