PORTO VELHO-RO:  Em um dos estados mais conservadores do país, o senador Confúcio Moura (MDB) parece remar contra a maré. Aliado declarado do presidente Lula, ele vem enfrentando críticas por manter-se ao lado de um governo cuja aprovação tem derretido em Rondônia. Ainda assim, não recua — e não é por teimosia.

Segundo interlocutores próximos, Moura está consciente do cenário político hostil. Mas sua aposta é calculada: ele mira nos 30% do eleitorado rondoniense que historicamente vota com a esquerda — um grupo menor, mas considerado fiel e consistente, mesmo sob forte pressão do bolsonarismo.

Os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que, em 2024, Rondônia tinha 1.266.546 eleitores aptos a votar. Os 30% que Moura almeja representam cerca de 380 mil votos — um contingente suficiente para levá-lo ao segundo mandato no Senado, especialmente em um cenário de dispersão no campo da direita.

Essa fatia do eleitorado, embora minoritária, tem resistido ao avanço conservador no estado e se mantém leal às candidaturas de esquerda, especialmente àquelas ligadas ao ex-presidente Lula. Para Moura, esse nicho pode ser a diferença entre a vitória e o ostracismo político.

“Ele já confidenciou a amigos: ‘morro abraçado com Lula, mas não largo o presidente’”, afirma uma fonte próxima ao senador. Frise-se que, recentemente, em discurso durante evento, Moura reclamou do povo rondoniense. “Nossa população deveria era agradecer o presidente ao invés de hostiliza-lo”, esbravejou.

A declaração, mais do que fidelidade ideológica, traduz um cálculo pragmático: enquanto seus adversários disputam o eleitorado bolsonarista entre si, Moura consolida sua base à esquerda, onde há menos concorrência e mais estabilidade.

Com esse "olho mágico" estratégico, Confúcio Moura tenta atravessar as turbulências políticas apostando na resiliência do voto progressista em Rondônia. A pergunta que permanece é: os 30% de fiéis à esquerda serão suficientes para derrotar os candidatos da direita pulverizada?