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porto velho, quinta-feira 15 de maio de 2025
PORTO VELHO-RO: A Polícia Federal e o Ministério Público Federal apontam o ex-deputado estadual Jidalias dos Anjos Pinto, o Tiziu Jidalias, como um dos líderes de uma complexa rede criminosa dedicada à exploração ilegal de cassiterita dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Mesmo com ordem de prisão expedida desde dezembro de 2023, o ex-parlamentar segue em liberdade, longe do alcance da Justiça.
Denunciado na Operação Forja de Hefesto — deflagrada após mais de dois anos de investigações — Tiziu é acusado de atuar como financiador e gestor de garimpos clandestinos. De acordo com as autoridades, ele controlava a cadeia desde a extração até a revenda do minério, por meio de empresas fictícias criadas para disfarçar a origem ilegal do produto. Uma dessas empresas movimentou, em curto período, mais de R$ 166 milhões.
Apesar do mandado de prisão ainda em vigor, fontes indicam que o ex-deputado foi visto recentemente em Ariquemes, Rondônia, cidade onde fez fortuna e mantém relações de influência. A aparição reforça a tese de que, mesmo foragido, ele segue protegido por aliados e com trânsito livre em sua base de atuação.
As provas reunidas pelos investigadores incluem escutas telefônicas e mensagens que demonstram o envolvimento direto de Tiziu nas operações ilegais. Em uma das gravações, ele orienta seus operadores sobre como organizar a produção e manifesta preocupação com o avanço das ações da PF na região.
O grupo comandado por Tiziu também contava com figuras como Valdeci Cardoso (conhecido como Keke), operador direto dos garimpos Pupunha e Baixinho; Felipe Galvão, apontado como sócio do ex-deputado; e Nelcides Mello, o Gabiru. Juntos, estruturaram uma rede com dezenas de trabalhadores, máquinas pesadas e esquemas de lavagem de dinheiro para escoar a cassiterita extraída de forma ilegal.
A Justiça Federal em Roraima, por meio do juiz Victor Oliveira de Queiroz, determinou a prisão dos envolvidos. As ações foram executadas em Boa Vista (RR), Ribeirão Preto (SP) e Ariquemes (RO).
O minério extraído nas terras indígenas era, segundo a PF, repassado inicialmente à COOPERTIN (Cooperativa de Produtores de Estanho do Brasil), que o revendia à White Solder Metalúrgica e Mineração Ltda — gigante do setor com sede em São Paulo e filiais na região Norte.
Tiziu Jidalias é investigado por envolvimento em uma série de crimes graves, entre eles:
Mineração ilegal em território indígena;
Usurpação de recursos da União;
Formação de organização criminosa;
Lavagem de dinheiro.
Enquanto outros membros da organização foram presos, o ex-deputado segue foragido, personificando a impunidade que ainda impera em grandes esquemas de devastação ambiental e violação de direitos indígenas no Brasil.