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porto velho, domingo 22 de junho de 2025
A semana começa em Rondônia com o retorno do governador Marcos Rocha-UB ao comando do Estado, após dias retido em Israel durante os ataques do Irã. Mas, ao desembarcar, Rocha encontra um cenário também explosivo, a exemplo do que viveu no Oriente Médio: uma crise política sem precedentes dentro do seu próprio governo.
O epicentro dessa instabilidade decorre de entrevistas prestadas pelo ex-chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, e seu irmão, atual vice-governador, Sérgio Gonçalves. Ambos escancararam posturas e divergências que estariam ocorrendo nos porões do poder, que agora exigem resposta de Estado, uma vez que a opinião pública tem conhecimento apenas de uma versão. Falta ouvir a outra, a do governador, para se formar juízo de valor, evitando assim julgamentos precipitados.
É preciso, então, com máxima urgência, que o governador e o vice-governador sentem-se à mesa — não por vaidade ou liturgia, mas por dever institucional, aparem as arestas e esclareçam à população o que de fato se passa, ou não, nos bastidores do CPA.
Rondônia não pode ser arrastada para uma suposta guerra que, segundo especialistas da política local, antecipa as eleições de 2026. É papel do líder maior do Executivo agir com maturidade, buscar o equilíbrio e tomar decisões à altura da cadeira que ocupa, mandando apurar e, em sendo verdade as denúncias, punir a quem de direito. Todavia, se nada ficar provado, restabeleça a verdade imediatamente, com medidas duras, compatíveis com a natureza do cargo que ocupa e o tamanho das denúncias que chegaram ao conhecimento público.
A população rondoniense, especialmente a mais vulnerável, não pode ser penalizada por disputas de bastidor. Projetos estratégicos, programas sociais, investimentos em infraestrutura e serviços essenciais não podem parar e, nesse passo, o Estado vai bem, obrigado, uma vez que esta não é apenas uma simples divergência entre dois homens de poder que está em jogo — mas a vida de milhares de rondonienses que dependem da boa funcionalidade da máquina pública.
Este, pois, é o momento de colocar o Estado de volta ao seu curso normal. Resta saber se, diante da crise, teremos o governo retomando sua agenda de desenvolvimento, diga-se de passagem, bem falada amiúde — ou apenas mais um capítulo da novela palaciana que, a rigor, nada constrói.
Seja qual for o desfecho, que ele venha com responsabilidade, transparência e, acima de tudo, esclarecendo a verdade em respeito à Rondônia e sua gente.