Fundado em 11/10/2001
porto velho, terça-feira 24 de junho de 2025
Cacoal (RO) – Ao anunciar com estardalhaço a compra de um ônibus leito para transportar pacientes até Porto Velho, o prefeito de Cacoal, Adailton Fúria (PSD), não entregou uma solução — ele assinou uma confissão pública de sua própria incapacidade administrativa.
O que poderia ser visto como medida paliativa emergencial, virou peça de propaganda política nas redes sociais, ignorando o real problema: Cacoal continua sem uma rede de saúde eficiente, sem policlínica em funcionamento e sem laboratório público de exames que atenda com qualidade a população. Diante disso, Fúria decidiu fazer o que se tornou prática comum entre gestores despreparados: empurrar a crise para o colo do Governo do Estado.
A chamada “empurroteria” virou método. Em vez de resolver a situação da saúde básica e especializada em seu próprio município — obrigação constitucional do gestor local —, o prefeito repassa o problema para as unidades governo do estado, em Porto Velho, agravando ainda mais o já sobrecarregado sistema da capital.
Mas o problema vai além da omissão. Com esse gesto, Fúria, que candidato ao governo do estado, ou estepe de Ivo Cassol, também transmite um recado perigoso a outros prefeitos rondonienses: não é necessário resolver, basta repassar. O mau exemplo se espalha, e a responsabilidade institucional se dissolve.
A população, por sua vez, paga o preço. Pacientes debilitados enfrentam horas de estrada na perigosa BR-364, expostos a riscos, desconforto e atrasos — quando poderiam estar sendo atendidos com dignidade em sua própria cidade, se houvesse vontade política e competência administrativa.
Ao invés de buscar soluções estruturantes, Fúria escolhe o atalho fácil e populista. E o que é pior: tenta transformar sua omissão em mérito. Se pretende alçar voos maiores na política estadual, o prefeito deveria começar enfrentando de frente os desafios locais — e não transformando o transporte de doentes em estratégia de marketing.
A Rondônia que o prefeito diz querer governar não pode ser a Rondônia dos panos quentes, do improviso e da fuga de responsabilidades. O povo precisa de gestores que enfrentem os problemas, e não de administradores que fujam deles de ônibus.