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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
Compulsando a história, foi na velha Grécia que se tratou como ciência a Política. Por lá, os sábios gregos formataram quase todas as ciências humanas, começando pela Filosofia, a mãe de todas elas...
Mas foi com Platão que se alçou a política à ciência, como a arte de bem governar um Estado ou nação, abarcando o atendimento aos elevados interesses públicos e transcendendo as instâncias individuais, para albergar-se exclusivamente no bem comum, com lastramento na ética e nos bons costumes.
Fazer política como desejava Platão, o fundador da Academia em Atenas, era encontrar caminhos lógicos e dignos para a coletividade, compreendendo o altivo interesse pelo progresso do povo, abrangendo saúde, educação, segurança, habitação, justiça e honra.
Não obstante, nos dias atuais, nada dessas conquistas universais é levada a sério, e políticos/gestores, bem ou mal paridos, guardadas as honrosas exceções, implantaram uma nova forma de fazer política – a politicagem, que nada mais é senão a forma mesquinha, nojenta, grosseira e imoral de se chegar ao poder, através das fendas da liberdade democrática, para depois debochar da cara da população.
A politicagem é essa troca de favores, ou de realizações insignificantes. É a “política” suja, miúda, de compras de votos. São os esquemas de corrupção entre políticos e empresários, os desvios financeiros para benefício próprio. É a latrina da “desgovernança”. É o lado podre da política, a bravata no campo da corrupção dos costumes. É o que a Lava-Jato colocou a nu, para o delírio dos advogados criminalistas.
O “standard” no Brasil hoje é a politicagem, e não a política, entendendo-se, “latu senso”, como a malversação do erário, o nepotismo e outras variantes eufemísticas de que se utilizam os operadores políticos no campo criminal.
É o caso da “lavagem de dinheiro”, da corrupção passiva e ativa, da falsidade ideológica, etc. Todos esses vieses, patrocinados pela politicagem, refletem-se no ambiente econômico e social da vida de todos nós e parem a dor, o choro, e o ranger de dentes nos lares da nação brasileira.
É que a máquina do Estado é voraz, competente e criminosa na arrecadação de impostos, mas é fragilíssima na gerência desses recursos, e por isso vivemos uma verdadeira “derrama”, como nos tempos coloniais.
A impressão que se tem é que o sistema foi montado apenas para a roubalheira, ou melhor, para a pilhagem dos cofres públicos. Os ardis e as artimanhas lematizam o arquétipo da indecência que se instalou. Utiliza-se a lei das licitações, como escudo dos vilipêndios, considerando que o papel aceita tudo e a justiça muitas vezes é leniente.
Senão, vejamos: A politicagem implantada pelo PT foi a mais sofisticada de todas, e virou produto de exportação. Vergonhosa, impudica, jogou o país na lama, dir-se-ia politicagem cancerosa, que se iniciou no Mensalão e ganhou metástases na Petrobrás, nos fundos de pensões e foi parar em Atibaia...
A politicagem carrega no seu bojo a avareza, a falta de ética, o desrespeito às leis dos homens e à divina. Dir-se-ia: é a fragilidade da alma do homem, contaminada pelo vil metal.
É notório que toda essa “era” de desconforto moral que assola o País, tem sua gênese na politicagem gerada na calada da noite, onde gestores, empresários e políticos mercadejam o orçamento em todos os níveis de governo, e dão “banana” para a população.
As distorções são grandes, imensas, impudicas, deletérias, chamuscadas, às vezes, pela ineficiência da justiça e ausência de poder do Executivo.
Uma nova eleição sempre sinaliza uma nova fase. Quem sabe novos políticos venham a praticar política, como se idealizou na velha Grécia, e não a politicagem, para, enfim, não ter mais a Lava-Jato motivo para existir.
Que nas eleições de outubro, votemos como projetou Platão, pensando no bem comum, com bom senso e sabedoria. Com honra, decência e glória, para o gáudio de todos nós.
Que assim seja!
Amém.