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porto velho, domingo 27 de julho de 2025
BRASIL: Com a nova representação protocolada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) contra Alexandre de Moraes na última quarta-feira (23), o número de pedidos de impeachment contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) chegou a 70 desde 2021.
Todos seguem sem análise, parados na mesa da presidência do Senado.
O levantamento considera os pedidos apresentados a partir de 4 de janeiro de 2021 — data em que Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ainda em seu primeiro mandato à frente do Senado, arquivou todas as ações que tramitavam até então contra integrantes da Corte.
De lá para cá, a pilha de petições só cresceu, com forte concentração em nomes mais visados por parlamentares da oposição.
O ministro Alexandre de Moraes é, disparado, o principal alvo: são 29 pedidos de impeachment pendentes contra ele, o equivalente a 41% de todas as ações que tramitam no Senado contra ministros do Supremo.
Moraes lidera com folga o ranking de representações apresentadas, seguido por Roberto Barroso, atual presidente da Corte, que soma 19 pedidos.
Dos 11 ministros que integram atualmente o STF, apenas três ainda não são alvos de pedidos de destituição: André Mendonça, Nunes Marques e Cristiano Zanin.
Somente em 2025, o Senado já recebeu 12 pedidos de impeachment contra ministros do STF — número maior que o total protocolado em 2023 (10) e 2024 (2).
Em 2021, ano de maior pressão institucional sobre o Judiciário, foram 34 ações protocoladas. Dessas, algumas pediam o afastamento coletivo dos 11 ministros da Corte à época — oito deles ainda ocupam cadeira no Supremo.
Desde que assumiu a presidência do Senado neste ano, Alcolumbre ainda não se manifestou sobre nenhum dos novos pedidos. Em seu mandato anterior, ele arquivou em bloco todos os requerimentos sem análise de mérito.
A Constituição Federal estabelece que cabe ao Senado processar e julgar ministros do STF em caso de crime de responsabilidade. Apesar disso, não há rito constitucional específico de impeachment para magistrados da Corte, como há para o presidente da República.
Qualquer cidadão pode apresentar uma denúncia contra um ministro do STF. O pedido deve ser protocolado no Senado e registrado como uma Petição. Cabe exclusivamente ao presidente da Casa decidir se arquiva ou dá seguimento à denúncia. Não há prazo para essa análise.
Se o presidente decidir dar andamento, o processo passa por avaliação da Advocacia do Senado e depois é submetido à Comissão Diretora. Só então poderá ser deliberado pelo plenário.
Até hoje, nenhum pedido de impeachment contra ministro do Supremo foi aceito ou levado adiante pelo Senado Federal.