Fundado em 11/10/2001
porto velho, sexta-feira 19 de dezembro de 2025

PORTO VELHO (RO) - O anúncio do abono natalino de R$ 5 mil concedido exclusivamente aos professores da rede estadual pelo governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), provocou forte repercussão negativa entre outras categorias do funcionalismo público. Servidores da saúde e da segurança pública — áreas consideradas essenciais para o funcionamento do Estado — reagiram com indignação ao que classificam como uma medida injusta, seletiva e excludente.
Embora o reconhecimento aos profissionais da educação seja legítimo e necessário, a forma como o benefício foi anunciado acabou gerando um efeito colateral imediato: a insatisfação generalizada de milhares de servidores que ficaram de fora do abono. Para esses trabalhadores, o governo ignorou o esforço diário de categorias que estiveram na linha de frente em momentos críticos, como a pandemia, crises na segurança e emergências hospitalares.
A reação é ainda mais dura quando se leva em conta o histórico do próprio governador. Coronel da Polícia Militar, Marcos Rocha construiu sua trajetória política com forte apoio das forças de segurança. Por isso, entre policiais militares, civis, bombeiros e servidores do sistema prisional, o sentimento predominante é de frustração e traição. “Partiu de quem menos se esperava”, resumem lideranças de classe nos bastidores.
Na saúde, o clima também é de revolta. Profissionais que enfrentam jornadas exaustivas, falta de estrutura e pressão constante afirmam que o governo “fechou os olhos” para uma categoria que mantém o sistema público funcionando mesmo em condições adversas.
Ao optar por um abono restrito, o Palácio Rio Madeira acabou transformando uma ação que poderia ser vista como positiva em um verdadeiro tiro pela culatra. O governo agora enfrenta desgaste político desnecessário, pressões sindicais e risco de mobilizações, justamente no momento em que busca manter estabilidade administrativa.