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A chuva no Rio e os cem dias do Governo Bolsonaro - Arimar Souza de Sá


Arimar Souza de Sá

Publicada em: 28/04/2019 14:35:43 - Atualizado

O tempo, sagrado tempo, e lá se vão cem dias de governo. Muita chuva, desastres, alagações, fofocas nas redes sociais, demissões e pouca ternura.

O Rio de Janeiro, como sempre, um palco de desespero. Parece que o demônio pediu vênia a Deus para instalar ali o seu quartel e chafurdou na lama e na voracidade das águas.

Se pensarmos bem, tudo ali é a contradição entre o bem e o mal. De um lado, a paisagem fantástica, uma mistura de morros e as águas do mar, onde as baías, exuberantes e belas, fazem o traçado de beleza na grande olimpíada de Deus. De outro, a violência das chuvas nas encostas e naufrágios de vidas inocentes.

De um lado o Cristo Redentor, o bondinho. De outro, a violência exprimida pelas balas perdidas, com incestuosa colaboração dos fuzis do Exército, matando pais de família. 
De um lado, o Jardim Botânico, do outro a Rocinha. De um lado Ipanema, o luxo, as mulheres lindas; de outro, a podridão que exala da Baía de Guanabara.

De um lado, a Lapa, Zeca Pagodinho, a Marrom, Caetano e Gal; de outro, as milícias, o tráfico de drogas e os desabamentos ceifando mais vidas.

Na verdade, todo esse desarranjo intestinal, começa ali na beira do mar. Enfim, como visto, o Rio é uma contradição entre o bem e o mal e as chuvas finalizam o desejo da natureza de lavar as impurezas seculares, sem poupar nem vidas.

É evidente que dói no coração essas fúrias do universo vindas em forma de chuvas, mas, dói muito mais, sabermos que essas calamidades fazem parte da programação do próprio carioca, desleixado e promíscuo na devassidão de carnavais e aceitação de viver, sem protesto, nas sórdidas favelas, sem esgoto, sem ruas, amontoados como nas galés que os trouxerem de além mar.

A natureza corrige-se por si, e se os homens erram, ela procura sinalizar o seu desapreço através das forças naturais que dispõe. Dir-se-ia, então, 100 dias infernais, onde os que vivem na pobreza e nas encostas, são os grandes punidos nessa avalanche de horrores.

E o Presidente Bolsonaro, a esperança do brasileiro que apostou na reconstrução das mazelas de Lula e Caterva, vive às voltas com intrigas paróquias protagonizadas, ora por ele, ora pelos seus afoitos rebentos, que padecem pela falta de energia paterna e corretivo. Ou o capitão segura o timão, ou o barco afunda. Tá que balança, pra lá e pra cá.

Por enquanto, não há novidade importante a se indicar no seu governo. O principal projeto que é o da Previdência e, também, o grande empecilho. Ninguém suporta desgarrar-se dos privilégios e sempre foi assim, o país que se dane. Para conseguir esse desiderato, os políticos exigem que se fatie o poder. É o tal dando que se recebe, na prática vaginal de um país apodrecido.

Até o momento, é de se lastimar, nenhum projeto de governo foi montado, como fez Juscelino Kubitschek no seu Plano Quinquenal, 50 anos em cinco. Apenas os ministros foram colocados nas cadeiras, mas não estabeleceram as metas para o país nos campos da educação, saúde, de transportes, energia e de economia, tudo se encontra ainda de uma forma amadorística como dantes, daí o desconforto na demissão do Ministro da Educação que foi colocado no mar, mas não lhe disseram como deveria remar para chegar a Porto Seguro. Naufragou. E outros serão decapitados senão houver imediatamente por parte de Bolsonaro a preocupação com as diretrizes basilares de seu governo.

Terá, outrossim, o chefe da nação de ter uma compreensão do universo globalizado, onde forças da direita e da esquerda se digladiam nas suas barbas e haverão de ser conciliadas sem a presença do chicote.

Por outro lado, os problemas internacionais estão cada vez mais complicados. Rússia, China, Índia, de um lado, EUA e Europa de outro, é um jogo brutal e o Brasil não pode entrar em bola dividida, nem levar bola nas costas.

Bolsonaro não pode mais colocar em campo amadoristas. O Lula só se deu bem na economia porque contou com a experiência do Meireles, um senhor do mundo.

Por fim, os cem dias de governo foram de atropelos, disse-me-disse arenga de vizinhos e fofocas da tia Candinha, sem os registros relevantes que o país espera.

Ou o presidente se preocupa no atacado com as questões maiúsculas nacionais, ou a miudeza e a reduza das decisões, poderão colocá-lo na raia miúda dos que rugem, rugem, mais não mordem.

Lembrando a estória daquela onça feroz. O governo não pode ser aquela onça "braba", mas que todo mundo pega no rabo.

Que haja reflexão pelo menos!
AMÉM!


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