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porto velho, quarta-feira 25 de junho de 2025
Menos de 24 horas após ser alvo de hostilidades ao deixar a manifestação na Avenida Paulista, Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto em 2022, propôs uma “trégua de Natal” em nome do impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro mandou um recado ao PT, partido com o qual mantém uma relação de forte rivalidade desde a eleição de 2018. Em entrevista neste domingo, o ex-ministro minimizou o episódio do sábado, que classificou como “bobagenzinha”. Também disse “não ter nada a ver” com a chamada “terceira via” da disputa presidencial do ano que vem.
“Estamos propondo uma amplíssima trégua de Natal”, afirmou Ciro. “Quando for o assunto Bolsonaro e impeachment, a gente deve esquecer tudo e convergir para esse raríssimo consenso, que já não é fácil”, completou. Questionado se acreditava que o PT vai aderir à proposta de trégua, Ciro disse que não tem como esperar que “eles aceitem ou se comportem como nós gostaríamos”. “No dia a dia, vamos continuar estabelecendo as nossas diferenças.”.
O pré-candidato do PDT também agradeceu à manifestação de solidariedade publicada nas redes sociais pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR).
As divergências de Ciro com o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se acirraram após o pedetista evitar declarar apoio a Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial de 2018 – o petista foi derrotado por Bolsonaro. Durante discurso ontem, em São Paulo, em que pedia “unidade” entre as forças políticas para destituir Bolsonaro, Ciro foi vaiado por manifestantes petistas e ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em vários momentos, eles puxaram gritos em favor de Lula e fizeram a letra L com as mãos. Ciro relatou que ao deixar o caminhão de som que um manifestante tentou agredi-lo.
Na entrevista, o pré-candidato reiterou o pedido de união que fez em seus discursos em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Quem tem responsabilidade e compromisso em, de fato, punir Bolsonaro e fazer o impeachment, para nos proteger da consumação de uma tentativa que pode ser sangrenta de golpe de Estado, é a mobilização de todos e todas que puderem e tiverem disposição para fazer.”
Segundo ele, foi “esse espírito” que o levou a aceitar o convite do Movimento Brasil Livre (MBL) e aderir aos atos convocados pelo grupo em 12 de setembro, mesmo sem ter esquecido as “diferenças insuperáveis” que tem com o grupo que convocou atos pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Também as minhas diferenças com o PT são cada vez mais profundas e insuperáveis.”
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, chamou de “estranhos” os ataques sofridos por Ciro na Paulista. Pedindo “tranquilidade”, ele sugeriu que para as próximas manifestações haja “controle de grupos extremistas”.