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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
RONDÔNIA - Com a meta de reduzir em 50% os casos de infecção hospitalar nas unidades de terapia intensiva (UTIs), no prazo de três anos e meio, os Hospitais de Base Ary Pinheiro (HB) em Porto Velho e o Regional de Cacoal (HRC) participam desde dezembro de 2017 do projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”.
De acordo com a enfermeira Maiara Alves de Carvalho, que coordena o projeto no HB, a princípio a meta estipulada é de 30%, no período de um ano e seis, atingido este objetivo, as unidades de saúde seguirão com o propósito de alcançar os 50% de redução, considerando que a infecção é um problema a mais que os pacientes e familiares enfrentam por contaminação relacionada à assistência de saúde (Iras) nas UTIs ou por falta de cuidados básicos.
Maiara explicou que em três meses do projeto, de dezembro a março, observou-se considerável redução. No caso das infecções primárias da corrente sanguínea, cuja meta é atingir 8,63%, o índice caiu de 12,35 para 11,03%; já os casos de infecção do trato urinário reduziram de 13,95% para 11,58% e a meta é chegar a 8,96%, enquanto os de pneumonia associada à ventilação mecânica passaram de 19,42% para 18,18%, com a expectativa de baixar para 15,70%.
O HB e o HRC fazem parte dos 120 hospitais que foram selecionados pelo Ministério da Saúde, idealizador do projeto juntamente com seis hospitais considerados de excelência: Hospital Alemão Osvaldo Cruz (SP), Hospital Beneficência Portuguesa (SP), Hospital do Coração (SP), Hospital Israelita Albert Einstein (SP), Hospital Sírio Libanês (SP) e o Hospital Moinhos de Vento (RS), contando com o apoio agora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A meta nacional é salvar 8.500 vidas nas UTIs e reduzir em R$ 1,2 bilhão os custos decorrentes da infecção hospitalar no período de três anos e meio.
Enfermeira Maiara Alves explica procedimentos adotados na UTI do Hospital de Base para reduzir casos de infecção hospitalar
“Abraçamos o projeto porque a UTI é o local onde mais se desenvolve essas infecções”, contou Maiara, explicando que para atingir o objetivo uma equipe multiprofissional, formada por enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem, trabalha no sentido de tornar os servidores motivados e melhorar as condições dos 13 leitos da UTI do HB, tornando-a um ambiente mais humanizando, além de adotar procedimentos, como limitar o acesso de pessoas ao setor, orientar, inclusive os familiares, sobre os cuidados necessários que incluem também a restrição ao uso de adornos, como anéis, relógios, brincos, entre outros. Semanalmente também há reunião para discutir as melhorias e o que precisa ser implementado.
Após ouvir da parente de um paciente a expressão “corredor da morte” referindo à UTI, Maiara disse que tomou a iniciativa de propor ações motivadoras, começando pela melhoria da iluminação do corredor, que brevemente também será ornamento com artes (plotagem) realizadas por um artista plástico já contactado pela direção do hospital. “A UTI é local de recuperação, e não de morte. E a infecção é um problema que o paciente geralmente não vem com ele, mas acaba adquirindo”, argumentou.
Dados do Ministério da Saúde revelam que desde o lançamento do Programa de Segurança do Paciente da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2004, mais de 140 países têm trabalhado para enfrentar os desafios dos cuidados, uma vez que dano ao paciente é considerado a 14ª causa de mortalidade pelo Global Burden of Disease, o mesmo impacto da tuberculose e malária no mundo, enquanto o erro médico é a 3ª causa de morte nos Estados Unidos. O impacto financeiro das falhas de segurança na saúde equivale a 15% do total de todas as atividades e gastos hospitalares; e os custos de prevenção aos eventos adversos são menores quando comparados aos custos do dano ao paciente, o que foi comprovado entre 2010 e 2015 nos Estados Unidos com a economia de US$ 28 bilhões.
No Brasil, a mortalidade associada aos eventos adversos está entre a 1ª à 5ª causas de óbito, com 104.187 a 434.112 possíveis mortes e R$ 15,5 bilhões gastos anualmente pela insegurança assistencial hospitalar.