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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
BRASIL: O uso em excesso do celular e outros dispositivos eletrônicos pode causar prejuízos à saúde que vão além do bem-estar mental ou da saúde ocular. A prática pode levar à má postura e, ao longo prazo, acrescentar até 27 kg de peso na coluna, uma condição chamada “síndrome do pescoço de texto” ou, como é conhecida em inglês, “text neck syndrome”.
A síndrome é caracterizada pela sobrecarga na musculatura e nas articulações da coluna, decorrente da postura inclinada do pescoço e da cabeça para frente e para baixo ao olhar para as telas de dispositivos como celulares, tablets e notebooks.
“Essa postura leva a uma alteração significativa da biomecânica da coluna, aumentando a tensão nos músculos cervicais, nos ligamentos da coluna e nos seus discos intervertebrais. Isso tende a causar dor e desconforto”, afirma Francisco Vaz, neurocirurgião especializado em doenças da coluna vertebral, à CNN. “Estudos indicam que manter o pescoço inclinado em um ângulo de 60 graus pode aumentar a carga sobre a coluna cervical em até 27 quilos, o que é comparável ao peso de uma criança de cerca de 8 anos”, completa.
Pesquisas mostraram que a síndrome do pescoço de texto está associada, principalmente, ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Isso inclui, além dos celulares, computadores, laptop e desktops que não estão ao nível dos olhos, tablets e e-readers, além de videogames.
Porém, outros fatores podem estar associados à síndrome, como sentar-se com a postura inadequada. “Várias outras atividades, muitas delas corriqueiras, podem contribuir para o surgimento desse problema. Podemos citar, por exemplo, a postura incorreta ao dirigir, posição inadequada ao assistir à televisão, entre outras”, elenca Vaz.
“Nestas situações, se não estivermos vigilantes e atentos à posição da nossa cabeça e do pescoço, ele pode se projetar para frente e para baixo, aumentando a tensão na coluna cervical e contribuindo para o surgimento da síndrome do pescoço de texto”, acrescenta.
Os principais sintomas da síndrome do pescoço de texto incluem:
O diagnóstico da síndrome do pescoço de texto é clínico, ou seja, baseado na história do paciente, nos sintomas e no exame físico. “Durante a consulta médica, o profissional vai colher a história do paciente, entender e caracterizar melhor a dor, além de avaliar a postura, a amplitude de movimento do pescoço, a presença de dor ou sensibilidade, seja na região do pescoço, na região occipital da cabeça [parte de trás da cabeça] e nos ombros”, explica Vaz.
Segundo o neurocirurgião, o profissional pode, além de analisar a postura, avaliar a força muscular, a flexibilidade desse paciente e verificar se há ou não pontos de gatilho, pontos de dor, pontos de tensão muscular nestas regiões que temos comentado. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de exames de imagem para excluir a possibilidade de complicações relacionadas à síndrome.
Segundo Vaz, se não tratada, a síndrome pode levar ao surgimento de complicações tanto na coluna cervical quanto de saúde na totalidade. “Pacientes com síndrome do pescoço de texto crônica e não tratada podem ter um comprometimento da postura global, ou seja, além do pescoço e da coluna cervical, a coluna torácica e lombar também podem ser comprometidas”, exemplifica.
O profissional explica que isso pode impactar negativamente a qualidade de vida dos pacientes, com o desenvolvimento de dores crônicas, limitação de movimentos e dificuldade de realizar atividades diárias.
“Também pode promover o desgaste acelerado dos discos intervertebrais e o desenvolvimento de alterações degenerativas da coluna cervical, como hérnia de disco, bicos de papagaio, artroses da coluna cervical e, em conjunto, estenose do canal cervical que, em último estágio, leva a compressão dos nervos e até da medula cervical”, afirma. “Como resultado, o paciente pode, além da dor, experimentar paralisias motoras gravíssimas”, completa.
O tratamento da síndrome do pescoço de texto envolve a combinação de mudanças no estilo de vida, terapias físicas e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. Entre as abordagens que podem ser utilizadas no tratamento, estão:
Quando essas mudanças não são suficientes, podem ser indicadas terapias como: