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CERO: Centro de Reabilitação se torna referência na Rede Pública em Porto Velho


Secom

Publicada em: 11/12/2018 11:05:59 - Atualizado

Raimundo Barbosa disse que chegou ao Cero quase morto, com problemas na coluna

PORTO VELHO RO - “Se você for dar uma nota de zero a mil para o Cero, dê mil”. Foi o que sugeriu o caminhoneiro Raimundo Barbosa, 66 anos, parando a equipe de reportagem que conversava com o fisioterapeuta Rodrigo Moreira Campos, coordenador geral  do Centro de Reabilitação de Rondônia (Cero), unidade que integra a estrutura da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), e que há quatro anos funciona na rua Petrolina, 9960, no bairro Mariana, na zona Leste de Porto Velho.

Sem saber que se tratava do coordenador da unidade a pessoa que acompanhava a reportagem, o senhor Raimundo, natural do Rio Grande do Norte, e que há 18 anos reside em Porto Velho, contou que chegou ao Cero “quase morto, pedindo a Deus para morrer”, sofrendo com dores na coluna como consequência de um acidente no caminhão que dirigia.

“O caminhão tombou comigo na estrada de Humaitá, em 2016, mas só em março deste ano procurei tratamento da coluna, quando quase não andava mais, e sofria com muitas dores. Hoje sou outra pessoa, e já irei pegar a estrada novamente amanhã (quinta-feira, dia 29). Por isso dou nota mil ao Cero, desde a entrada até o atendimento final com a equipe. Se eu pudesse falaria com o governador para construir mais uns três centros desses”, completou o caminhoneiro, que faz viagens para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O caminhoneiro observou, ainda, que além de ser atendido conseguiu duas cadeiras de roda, uma delas para o vizinho. “Temos que reconhecer este atendimento. Em que lugar a gente teria uma assistência como esta qualidade?”, questionou, ressaltando que o elogio era feito independente de estar ou não em frente ao coordenador, que acabara de conhecer.

Problemas na patela

Assim como Raimundo Barbosa, a dona de casa Maria Ferreira, 56, moradora do bairro Marcos Freire, também na Zona Leste, que faz fisioterapia após fraturar a tíbia (osso da canela) em uma queda, definiu o atendimento como excelente, enquanto Mary Cabral, 46, disse que desde o mês de outubro sai da Zona Sul da capital para fazer tratamento na patela (osso situado na parte anterior do joelho), que fraturou também após uma queda dentro de casa. “Se não fosse este centro, seria muito complicado para mim e para muitos que não têm recursos financeiros e iriam esperar uma vaga em outra unidade”, ponderou Mary.

Multiprofissional

Com 56 profissionais, dos quais aproximadamente 50% com nível superior em áreas, como fisioterapia ortopédica, fisioterapia neurológica, terapia ocupacional, fonoaudiologia (fonoterapia/disfagia/traqueostomia), psicologia adulto/pediátrico e psicopedagogia, e os demais dos setores administrativo e de apoio, o Centro de Reabilitação atendeu de janeiro até agosto deste ano a 7.488 pacientes, registrando uma média de 72.233 procedimentos, incluindo os serviços realizados pelo Núcleo Meios de Locomoção, que tem exclusividade no uso do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), devido à especificidade do trabalho realizado e à constante necessidade de tramitação de documentos entre às Regionais da Saúde instaladas em municípios polos do estado.

É através desse núcleo, conforme Rodrigo Campos, que são distribuídos andadores, cadeiras motorizadas, monobloco, para obesos, entre outros, em parceria com as Irmãs Marcelina.

“Além da reabilitação, fazemos a análise dos laudos para obtenção dos meios auxiliares de locomoção”, disse Campos, adiantando que está sendo viabilizada, junto à Gerência de Projetos Especiais da (GPES/Sesau), a confecção de órteses dentro da estrutura do Cero, em parceria com as Marcelina.

O diretor explicou que, diferente de outras unidades, inclusive particulares, no Cero muitos pacientes também acabam recebendo atendimento multiprofissional, como por exemplo, fisioterapia com terapia ocupacional ou psicologia.

“Vale salientar que não temos regulação, o agendamento é realizado na recepção da unidade através de livro de espera. Outra observação que deve ser feita é que priorizamos o atendimento psicológico para pessoas com deficiência já atendidas no local. Casos que possuem perfil do Caps {Centro de Atenção Psicossocial} são encaminhados a este serviço específico”, observou.

Como atividades interativas, ele citou que são promovidos eventos em datas especiais, como festa junina e Dia das Crianças.

De acordo com o fisioterapeuta Flavio Maia, a maioria das pessoas atendidas no Cero é vítima de acidentes com motos e em idade laboral, o que acaba gerando prejuízo duplo, com a ausência no trabalho e a assistência médica via Sistema Único de Saúde (SUS), além das sequelas diversas. “A demanda é crescente”, lamentou.

Já a fonoaudióloga Elizandra Araújo, que atende crianças e adultos com problemas de disfagia (dificuldade de engolir) ou para aquisição da linguagem (dificuldade para falar), revelou que com o aumento da incidência de crianças autistas a maioria dos pais busca o serviço para melhorar a linguagem do filho.

“Muitos pais ficam preocupados pelo fato de o filho demorar a falar. Mas esta preocupação só deve ocorrer após os dois anos de idade da criança, quando ela deve falar uma média de 200 palavras. Até um ano e meio é normal falar apenas 20”, orientou. Sobre o Cero, Elizandra ainda fez uma observação especial, lembrando que antes o tempo de espera pelo atendimento era de até dois anos, e hoje é de até 30 minutos. Isso devido à reestruturação promovida pela coordenação.

Meios auxiliares

Sobre os meios auxiliares de locomoção distribuídos pelo Centro de Reabilitação, o responsável pelo setor, Pedro Augusto de Oliveira, informou que devem ser solicitados com base em laudo Apac (Autorização de Procedimento Ambulatorial) emitido por médico ortopedista, neurologista, fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional, mediante apresentação de documentos pessoais, inclusive de comprovante de residência e Cartão do SUS. Para as pessoas que residem no interior do estado, ele orientou a se dirigem à Secretaria Municipal de Saúde, que encaminhará o pedido às Regionais de Saúde, que por sua vez encaminharão para o Cero e as Irmãs Marcelina. “Em 60 dias

úteis são entregues os equipamentos solicitados”, afirmou.

Acompanhada do coordenador Rodrigo Campos, a fonoaudióloga Elizandra Araújo destaca avanços com a redução do tempo de espera para ser atendido

Para o coordenador do Cero, Rodrigo Campos, a distribuição desses equipamentos é um serviço social importante que o estado presta a este público que necessita de meios para se locomover, considerando que uma cadeira de rodas motorizada custa em torno de R$ 10 mil para pessoa física, enquanto uma simples chega a custar R$ 1 mil.

De janeiro a agosto foram dispensados andadores adulto e infantil (72), almofada com células de ar (6), bengalas canadenses (31), cadeiras de banho com encosto reclinável (7), cadeiras de banho com aro propulsor (7), cadeiras de banho com concha infantil (2), cadeiras de banho padrão (446), cadeiras de roda para tetraplégico adulto e infantil (118), cadeira de rodas monobloco (6), cadeiras de roda motorizada (17), cadeiras de roda padrão adulto e infantil (431), cadeiras de roda para obeso (15) e muletas auxiliares (33).

Recursos humanos

O Cero conta com uma equipe formada por fisioterapeutas (15), terapeutas ocupacionais (5) fonoaudiólogos (5) psicólogos (5), assistente social (1), técnico em enfermagem (7), técnico em órteses e prótese (1), auxiliar de serviços gerais (5), agente administrativo (2), motorista (5), reeducando (3), além do coordenador geral e adjunto.


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