Fundado em 11/10/2001
porto velho, sexta-feira 29 de novembro de 2024
BRASIL: Seja para assistir a desenhos animados ou brincar com joguinhos, o hábito de entreter crianças com tablets e celulares tem começado cada vez mais cedo por incentivo dos pais.
Apesar de se mostrarem aliados na correria do dia a dia pela distração que causam nos pequenos, o uso sem moderação dos aparelhos eletrônicos pode levá-los a uma série de problemas de saúde, alguns com potencial de impactá-las ao longo de toda a vida.
O pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum explica que mesmo a interação moderada não é considerada saudável para crianças com menos de dois anos. Para a faixa etária até os cinco anos, o tempo de uso recomendado é de apenas uma hora por dia, e entre seis e dez, apenas duas horas, sempre com a fiscalização dos pais.
“O uso é tolerado para fins teóricos, para estudo, até para fins de diversão, mas não consideramos saudável, porque tem aumentado os casos de miopia entre as crianças, aumentado o sedentarismo e diminuído a interação pessoal”, afirma o médico.
A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatra) lista uma série de malefícios que o uso excessivo de telas pode causar às crianças, entre eles estão: problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão; transtornos psiquiátricos, como déficit de atenção e hiperatividade; transtornos alimentares e do sono; sedentarismo; transtornos da imagem corporal; transtornos posturais e músculo-esqueléticos, e problemas auditivos.
Durante os momentos de interação familiar e horários destinados às refeições, o pediatra explica que não é recomendado que as crianças usem as telas.
A falta do contato pessoal ou de atenção à alimentação pode acarretar no desenvolvimento de alguns dos transtornos listados pela SBP.
“Os pais não devem dar o celular para os filhos durante o jantar, vai distraí-los a atenção da comida, a criança pode comer demais ou comer menos do que precisa e isso vai causar obesidade infantil ou desnutrição. Fora os problemas de contato interpessoal, dificuldade em se comunicar com outras pessoas pessoalmente e não só no virtual”, destaca o médico.
A SBP também recomenda que as crianças interrompam o uso das telas pelo menos duas horas antes de dormir, para não impactar a qualidade do sono. Durante o dia, uma alternativa recomendada pela sociedade para reduzir o contato com os aparelhos eletrônicos é a prática de atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza.
“Crianças que usam telas demais e não tem interação social podem desenvolver problemas de conectividade com outras pessoas. Eu diria que aos cinco anos de idade já é possível liberar o uso de tela para crianças desde que seja por um período específico”, destaca Ejzenbaum.