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A química cerebral nos empurra para relações tóxicas, dizem especialistas

O que você vê como uma "química arrebatadora" pode ser um relacionamento tóxico.


g1

Publicada em: 14/06/2022 15:24:54 - Atualizado

O que você vê como uma "química arrebatadora" pode ser um relacionamento tóxico.

Nas últimas semanas, o julgamento do processo de difamação aberto por Johnny Depp contra a ex-mulher Amber Heard causou burburinho nas redes sociais — em meio a uma troca de acusações de abusos e maus-tratos.Compartilhe no WhatsAppCompartilhe no Telegram Mas você não precisa chegar a certos extremos para estar em um relacionamento tóxico e sofrer com seus efeitos prejudiciais.

É algo tão sutil e comum que pode passar despercebido.

Vamos dar um exemplo que pode soar familiar. Você conhece alguém, e a pessoa fica superenvolvida — a conversa flui, vocês compartilham mil coisas, fazem grandes planos, a pessoa diz que você é incrível....

Mas, ao mesmo tempo, ela desaparece por alguns dias, deixa você no vácuo (aqueles benditos dois tiques azuis no Whatsapp!), os planos propostos se concretizam muito raramente ou ela não passa tempo suficiente ao seu lado. Mas depois ela volta, e o ciclo se repete.

"Sabemos que o momento agradável vai voltar e ficamos viciados esperando que volte, pois temos certeza de que no fim das contas sempre volta. Esses momentos de euforia são tão agradáveis ​​que esquecemos dos maus momentos", explica a psicóloga Marta Novoa, especialista em relacionamentos e autora do livro Amor del Bueno.

Ou seja, você vive altos e baixos — o equivalente ao chamado reforço intermitente.


Uma recompensa imprevisível, aleatória e inconsistente

O psicólogo Frederic Skinner fez um experimento com ratos. Ele os colocou em uma gaiola onde havia uma alavanca e, cada vez que eles a pressionavam, caía uma bola de comida. Eles tentaram ver o que aconteceria se, ao pressioná-la, não caísse comida. Os ratos perderam o interesse, e não pressionaram mais a alavanca. Em ambos os casos, era um reforço contínuo: sempre havia comida ou nunca havia.

Mas o que aconteceria se, ao apertar a alavanca, a comida caísse aleatoriamente? Eles pensaram que o rato esqueceria de apertar a alavanca.

Mas não. Ele ficou obcecado, e a pressionava o tempo todo, embora não acontecesse nada. Ficou viciado a ponto de abandonar seu descanso, alimentação e asseio.

"Isso é um reforço intermitente, uma recompensa imprevisível, aleatória e inconsistente", diz a bióloga e psicoterapeuta corporal Lorena Cuendias.

"O circuito de recompensa do cérebro tem como objetivo reforçar comportamentos para nossa sobrevivência, como nos hidratar, alimentar ou reproduzir. Também é ativado quando recebemos sinais externos de aprovação e validação", explica.



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