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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL: Estudo publicado na edição online do Neurology mostrou que mulheres que passaram pela menopausa têm mais lesões cerebrais, associadas a um maior risco de acidente vascular cerebral, Alzheimer e declínio cognitivo.
De acordo com a pesquisa, essas mulheres apresentam mais casos de uma característica biológica chamada hiperintesidades da substância branca — lesões visíveis em exames cerebrais — do que adultas na pré-menopausa ou homens da mesma idade.
“As hiperintensidades da substância branca aumentam à medida que o cérebro envelhece e, embora tê-las não signifique que uma pessoa desenvolverá demência ou terá um derrame, quantidades maiores podem aumentar o risco”, disse a autora do estudo, Monique MB Breteler, em comunicado.
Essas lesões são mais comuns em pessoas mais velhas ou com pressão alta descontrolada.
O estudo envolveu 3.410 pessoas com idade média de 54 anos, sendo que 58% eram mulheres e, dessa porcentagem, 59% estavam na pós-menopausa. Além disso, 35% do total de participantes tinham pressão alta e, desses, metade tinha pressão alta não controlada.
Todos os participantes foram submetidos a exames de ressonância magnética do cérebro e os pesquisadores analisaram a quantidade de lesões visíveis em cada participante. O volume total médio foi de meio mililitro.
Após estabelecer critérios e ajustar os resultados para idade e fatores de risco vascular, como pressão alta e diabetes, os cientistas descobriram que as mulheres na pós-menopausa tinham mais lesões que homens de idade semelhante. O volume médio delas foi de 0,94 ml, já o do público masculino foi de 0,72 ml.
A pesquisa descobriu, ainda, que com a idade as lesões aumentam mais rápido nas mulheres do que nos homens. Já as mulheres na pré-menopausa e homens da mesma idade não tiveram diferença na quantidade média de hiperintensidades da substância branca.
Além disso, os pesquisadores concluíram que as mulheres no pós-climatério têm mais lesões visíveis do que as na pré-menopausa da mesma idade. A diferença foi de 0,51 ml para 0,33 ml, respectivamente.
Uma limitação do estudo foi que os autores não sabiam a idade exata do início da menopausa das participantes ou se algumas estavam na perimenopausa — transição da menopausa.
O estudo representa um avanço para o entendimento da relação entre a menopausa e o cérebro e liga um alerta para a saúde da mulher.
“Os resultados do nosso estudo não apenas mostram que mais pesquisas são necessárias para investigar como a menopausa pode estar relacionada à saúde vascular do cérebro; eles também demonstram a necessidade de levar em conta diferentes trajetórias de saúde para homens e mulheres e o status da menopausa. Nossa pesquisa ressalta a importância da medicina específica do sexo e da terapia mais atenta para mulheres mais velhas, especialmente aquelas com fatores de risco vasculares”, informou a autora.