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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL: Um estudo liderado pelo pesquisador do Icrea (Instituição Catalã de Pesquisa e Estudos Avançados) e chefe do Laboratório de Câncer Colorretal do IRB (Instituto de Investigação em Biomedicina) Barcelona, Eduardo Batlle, revelou que algumas células tumorais permanecem “escondidas” e, após a quimioterapia, são reativadas e desencadeiam uma recaída.
A quimioterapia é o tratamento mais comum para o câncer colorretal, porém, embora ela seja inicialmente eficaz na maioria dos casos, há pacientes que recaem após um período. Os cientistas descobriram que essa situação ocorre graças à proteína Mex3a.
Essa proteína está presente em células-tronco tumorais persistentes e permanece inativa durante todo o tratamento. Quando ele chega ao fim, elas são reativadas e passam a regenerar o tumor. Por consequência, ocasionam o ressurgimento do câncer.
“A quimioterapia é eficaz e mata a maioria das células tumorais, mas não todas. Nossa descoberta revela a identidade de um grupo de células persistentes que são resistentes à quimioterapia e continuam regenerando o tumor após o tratamento”, informou o pesquisador em comunicado.
De acordo com dados divulgados pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), o segundo tipo de câncer mais incidente, tanto em homens quanto em mulheres, é o colorretal.
A pesquisa foi realizada usando, principalmente, organoides — amostras de tumores de pacientes cultivados em laboratório — e camundongos com câncer colorretal. Segundo o primeiro autor do estudo, Adrián Álvarez-Varela, as amostras são ideais para reproduzir a complexidade da célula cancerígena.
"Os organoides nos permitiram traçar a evolução das células responsáveis por todo o processo e observar sua reação à quimioterapia", explicou o autor em comunicado.
Os pesquisadores mostraram que a remoção da proteína Mex3a por meio de técnicas de engenharia genética tornou as células de câncer colorretal extremamente sensíveis à quimioterapia.
Até mesmo em níveis mais graves da doença, com quadros de metástase, as células persistentes sem a proteína foram completamente eliminadas durante a quimioterapia.
Embora as funções exatas da Mex3a ainda sejam desconhecidas, o estudo pode diversificar as possibilidades de tratamento.
O achado da pesquisa fornece base para o possível desenvolvimento de medicamentos direcionados à proteína e que possam agir sinergicamente com a quimioterapia para prevenir recaídas.
“Nosso trabalho abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos para eliminar essas células, o que tornaria a quimioterapia mais eficaz e melhoraria as taxas de sobrevivência”, explica Batlle.
Já a parte laboral do estudo se concentrará em análises mais detalhadas, como a forma que a Mex2a mantém as células-tronco tumorais em estado dormente e os processos que levam a quimioterapia a desencadear a ativação e propriedade de regeneração das células com a proteína ao final do tratamento.