• Fundado em 11/10/2001

    porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024

Médico acusado de agressões, ameaças, racismo e homofobia já foi preso duas vezes

Ao todo, 5 mulheres e 10 homens foram vítimas de Bruno D´Angelo, segundo levantamento do g1 e Fantástico.


g1

Publicada em: 29/08/2023 11:30:44 - Atualizado

BRASIL: “O corpo humano é a matéria-prima a ser lapidada para transformá-la na obra-prima chamada saúde.” A frase é do médico Bruno D´Angelo Cozzolino, de 40 anos, que se apresenta em seu site oficial como um especialista em 'lapidar corpos'. Com pós doutorado em medicina legal, estética e do esporte, dermatologia e nutrologia, ele atende os pacientes na sua clínica no Itaim Bibi, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo.

"O espaço nasceu para te ajudar a lapidar seu corpo e fazer dele a representação perfeita de sua saúde e a maior marca pela qual as pessoas lembrarão de você" , informa trecho do texto publicado pelo Instituto D´Angelo.

Até o último fim de semana, o médico tinha aproximadamente 20 mil seguidores no Instagram. Mas não é por sua especialidade e currículo que Bruno passou a ser conhecido recentemente. O "Fantástico" revelou no domingo (27) que ele responde a vários crimes. Após isso, a rede social dele na internet foi desativada.

Nos últimos 11 anos, Bruno chegou a ser preso duas vezes pela polícia. Nesse período, foi acusado por ao menos 14 pessoas, entre então namoradas e ex-namoradas, funcionários de condomínios, um motorista e até um amigo à época de cometer violência doméstica, agressão (lesão corporal), ameaça, racismo (injúria racial), homofobia, gordofobia, misoginia, ofensas (calúnia, injúria e difamação), perseguição e dano (danificar patrimônio).

Atualmente ele responde aos crimes em liberdade. Não há queixas de pacientes contra o médico.

O g1 e o "Fantástico" levantaram boletins de ocorrência, processos e denúncias sobre todos os casos e mostram abaixo o que cada um deles informa. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), dois deles são investigados pela Polícia Civil. O Ministério Público (MP) acompanha as apurações.

O programa mostrou um vídeo no qual Bruno agride o síndico e empregados do prédio onde mora nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. Também há imagens dele ofendendo funcionários de um hotel no Rio de Janeiro. Algumas das vítimas ouvidas descreveram o médico como violento (veja acima).

As autoridades já convocaram Bruno para prestar esclarecimentos na delegacias que investigam as denúncias. A defesa dele foi procurada pelo g1 para comentar o assunto, mas não respondeu até a última atualização desta reportagem. Em um dos casos, seus advogados alegaram no processo que o cliente sofria de transtorno mental (saiba mais abaixo).

Ao todo, cinco mulheres (sendo três namoradas ou ex e duas funcionárias) e dez homens (a maioria funcionários de prédios onde ele reside, trabalha e ficou hospedado) foram vítimas de Bruno, segundo a apuração jornalística.

2023
7 de agosto: Bruno é acusado de "injúria, lesão corporal e ameaça" contra o zelador do prédio onde morava nos Jardins. Segundo a vítima, o morador o xingou com palavrões e ameaçou que iria "acabar" com ele e pegá-lo "na rua" depois de ser repreendido pela portaria por estacionar o carro irregularmente, ocupando quatro vagas em vez de uma. Em seguida, agrediu o funcionário com um soco no ombro, contou. O caso foi registrado no 78º Distrito Policial (DP), Jardins. Bruno foi ao 4º DP, Consolação, e fez uma queixa de "ameaça" contra o zelador, dizendo que ele estava querendo atacá-lo com um facão de 30 centímetros. A gravação da câmera de segurança do prédio não mostra isso.
7 de agosto: No mesmo dia, Bruno foi acusado de "ameaça, lesão corporal e injúria" depois de ter agredido o síndico do mesmo condomínio, Flavio Oliva, que tinha ido defender o zelador. A vítima disse que o médico o ameaçou dizendo "vou te arrebentar" e "vou te quebrar". O caso também foi levado ao 78º DP. Ele foi entrevistado pelo "Fantástico".
8 de agosto: No dia seguinte, Bruno foi acusado de perseguir uma ex-namorada em São Paulo. Ela foi então à delegacia e registrou boletim de ocorrência contra o médico por "violência doméstica, perseguição, ameaça, lesão corporal". A empresária contou que se relacionou com ele por quatro meses e terminou o namoro por ser "agressivo". Mas que o homem não aceitava o fim do namoro e a perseguia. Em 16 de abril deste ano, ele a agrediu com soco, chutes e empurrões, segundo a vítima. Ela disse que caiu e rompeu o ligamento do joelho, sendo preciso operar. Em uma mensagem que enviou, Bruno escreveu: "Até os homens de boa aparência podem matar mulheres". Ela foi orientada pela 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) a pedir medidas protetivas na Justiça contra o agressor. A mulher foi ouvida pelo programa.
10 de agosto: Bruno foi acusado de agredir um segurança que o condomínio nos Jardins contratou para proteger os funcionários do morador. Vídeo gravado por câmera do prédio mostra quando o médico avança sobre o empregado.



Fale conosco