• Fundado em 11/10/2001

    porto velho, domingo 24 de novembro de 2024

Empresária relata isolamento de filha negra que sofre preconceito e comove rede social


Notícias ao Minuto

Publicada em: 15/05/2018 15:00:12 - Atualizado

BRASIL - O desabafo da empresária e youtuber Ana Paula Xongani no Facebook, nessa segunda-feira (14), viralizou na rede social. "Em lágrimas", ela escreveu sobre o isolamento da sua filha negra de apenas 4 anos em atividades do dia a dia: "Ela não entende, mas sente. Não reclama, mas entristece. Meu coração parte!".

No texto, Ana Paula descreve um momento em que estava com a filha num playground e viu todas as crianças saírem assim que a menina chegou.

"É muito triste ver a sua filha sendo rejeitada! Mesmo antes de dizer “Olá!” ela chega perto e todas correm, ela se aproxima, e todas as outras se agrupam, ela chama e ninguem responde. Isolam-a, excluem-a, a machucam", escreveu.

Segundo a empresária, a solidão da mulher negra "começa na infância". "O racismo é aprendido pelas estruturas e reproduzido pelos pequenos de forma assustadora."

O post viralizou na rede social e já conta com milhares de interações e compartilhamentos. Leia a íntegra:

Em lágrimas escrevo:

Tem muita coisa linda na maternidade, mas tem muitas dores também. Ser mãe de uma menina preta me trouxe muitos medos, muitos desafios e muita força.

É muito triste ver a sua filha sendo rejeitada! Mesmo antes de dizer “Olá!” ela chega perto e todas correm, ela se aproxima, e todas as outras se agrupam, ela chama e ninguem responde. Isolam-a, excluem-a, a machucam.

Ela não entende, mas sente. Não reclama, mas entristece. Meu coração parte!

Dessa vez eu tava aqui espiando, chorando e pensando em formas de acolher a minha filha. Dessa vez eu chamei ela pro meu colo, abracei, disse que ela era linda e inteligente, falei que a amava.

Mas e quando eu não estiver?

A gente sempre fala da solidão da mulher negra, muitas vezes relacionada a afetividade adulta. Mas essa solidão começa muito cedo, começa na infância. O racismo é aprendido pelas estruturas e reproduzido pelos pequenos de forma assustadora. Tivemos avanços, mas as nossas meninas negras ainda são preteridas, rejeitadas, isoladas.

A minha filha eu perguntei:
- Suas amigas não querem brincar?

E ela me respondeu:
- É sempre assim mãe, mas eu não me importo, gosto de brincar sozinha.

Será que gosta? ou aos 4 anos já se protege na solidão?

E pra você que acredita que é “coisa de criança” certamente você nao é uma mulher negra. Nós mulheres negras vivemos esses mesmo traumas na infância, foi ruim mas com o passar do tempo a gente esqueceu, superou ou refletiu em outros momentos da vida. Mas ser mãe te faz reviver alguns deles, e dessa vez de forma mais intensa e muito mais dolorosa.

Doe muito!


Fale conosco