Fundado em 11/10/2001
porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL: Uma placa com quase 2 metros de altura indica três direções: atendimento ao morador e posto de informação à direita; mais à frente, credenciamento.
A parada no local é obrigatória para quem deseja visitar o novo Bento Rodrigues, distrito reconstruído para abrigar os moradores que viviam na comunidade de mesmo nome, levada pela lama de rejeitos da mineradora Samarco, em 5 de novembro de 2019.
Às vésperas do aniversário de oito anos da tragédia, que matou 19 pessoas e despejou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos na natureza, o R7 visitou a comunidade. Na entrada, o procedimento padrão: a confirmação de nome completo, CPF, RG e placa do carro — dados que já haviam sido enviados com antecedência. Uma rotina de condomínio fechado para uma comunidade secular que cresceu livre e rodeada pelo sossego da zona rural.
"Se tem morador aqui, eles não podem barrar ninguém", questiona José do Nascimento de Jesus, o Zezinho do Bento. O idoso de 78 anos aguarda a casa dele ficar pronta. A presença na comunidade é constante, embora ainda não tenha se mudado. "Eles colocam um crachá nos carros dos moradores para identificá-los. No meu não vai colocar", critica em relação ao controle feito pela Fundação Renova, entidade criada para administrar os trabalhos de reparação dos danos causados pelo rompimento.
Dentro do subdistrito, o clima de monitoramento continua. Após negar a companhia de assessores da fundação para circular pela vizinhança, a reportagem deparou com vigias profissionais em diversos momentos.
"A Fundação Renova mantém contato com a Prefeitura de Mariana para uma transição da segurança privada para a segurança pública, a partir das entregas ao município", alega sobre o futuro.
Os vigias ficam em frente às dezenas de casas em construção, aos comércios e aos prédios que abrigarão serviços públicos como Correios, posto de saúde e Guarda Municipal — nenhum destes ainda em funcionamento.
O reassentamento manteve os nomes das ruas do subdistrito inundado pelo rejeito de minério. A rua São Bento, que dava acesso à comunidade, também é a via de entrada na nova região. Porém a placa de boas-vindas com o emblema da Estrada Real — Circuito do Ouro deu lugar à central de informações.