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Delegado diz que preso por matar mãe e filhas em MT monitorou vítimas antes do crime bárbaro

No momento dos assassinatos, o pai da família estava em uma viagem a trabalho


CNN

Publicada em: 01/12/2023 11:08:50 - Atualizado

BRASIL: Preso por matar uma mulher e suas três filhas em Sorriso, no interior do Mato Grosso, o pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos, 32 anos, monitorou o dia a dia da família antes de cometer o crime. A informação foi dada à CNN pelo delegado Bruno França, responsável pelo caso.

Cleci Calvi Cardoso, 46 anos, e suas três filhas, de 19, 13 e 10 anos, foram assassinadas dentro de casa no último dia 24 pelo pedreiro, que trabalhava e morava em uma obra na vizinhança. Além dos homicídios, Gilberto estuprou a mãe e as duas filhas mais velhas. Ele confessou os crimes e, segundo o delegado, não demonstrou arrependimento.

“Ele confessa que monitorou a rotina da casa durante dias antes de entrar”, informa França. Inclusive, o criminoso esperou para cometer os ataques em um dia que o marido de Cleci e pai das meninas não estivesse em casa.

O pai, Regivaldo Batista Cardoso, era motorista de caminhão e, no dia do crime, estava em uma viagem a trabalho em outro estado. “Ele entrou na casa quando não havia possibilidade de resistência de um homem para enfrentá-lo”, comentou o delegado. Não se sabe ao certo por quanto tempo ele monitorou a família.

Após ser preso, Gilberto chegou a dizer que invadiu a casa da família com o objetivo de praticar um assalto, mas que teria mudado de ideia. “A Polícia Civil não acredita nessa tese, considerando se tratar de um predador sexual com histórico de violência sexual.” Ele já tinha passagem por estupro e latrocínio (roubo seguido de morte).

“Ele não levou nenhum bem da casa, celular, joias, nada. A única coisa que ele levou foi a roupa íntima de uma das suas vítimas como lembrança. Isso tudo mostra claramente que a pessoa tinha plena consciência, planejamento e premeditação do que estava fazendo”, afirmou o delegado.

França acrescenta que Gilberto estava em Sorriso havia pouco tempo, cerca de dois meses. O delegado afirma que o pedreiro veio “foragido” de Lucas do Rio Verde, no interior do Mato Grosso, onde cometeu outro estupro em setembro.

“Quando ele veio para cá, a inteligência dos colegas de Lucas nos avisou que era muito possível que ele estivesse em Sorriso. E a gente passou muito tempo procurando esse cara. Só que a gente não conseguiu achá-lo, porque ele morava na obra. Ele trabalhava. Ou seja, estava travestido de cidadão honesto, e morava no local de trabalho.”

À polícia, o pedreiro disse não saber quanto tempo ficou na casa das vítimas. Os investigadores acreditam que ele tenha entrado na casa na noite de sexta-feira e saído na madrugada de sábado.

Comportamento do pedreiro gerou suspeita

Logo após chegarem à casa da família, o pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos teve uma postura que chamou a atenção dos policiais e gerou suspeita.

“A gente conversou com as pessoas que estavam ali em volta. Um colega que havia chegado ao local entre os primeiros nos passou a informação de que todos os pedreiros haviam se dirigido até a cena do crime, porque a curiosidade é natural do ser humano, menos um deles, que, no caso, provou-se ser o assassino. Esse comportamento já chamou atenção da polícia. Por que todo mundo veio e o rapaz não veio querer ver a cena do crime?”, questionou.

Diante desse comportamento, os policiais fizeram uma pesquisa sobre quem trabalhava na obra. “Quando checamos os históricos criminais desse rapaz, ele já tinha dois mandados de prisão em aberto, sendo um deles por um estupro e tentativa de homicídio ocorrido em um município vizinho [Lucas do Rio Verde] de modus operandi idêntico a esse: estuprou a mulher e tentou cortar a garganta dela, mas ela entrou em luta corporal e aí acabou escapando dele”, detalhou o delegado.

“Nesse momento, uma convicção minha e dos policiais que comigo estavam: a gente já sabia que era ele o autor. A gente precisava de prova técnica para poder afirmar isso”, acrescentou.

Prova no local do crime

Dentro da casa, equipes da Polícia Científica localizaram uma pegada de calçado masculino em meio ao sangue das vítimas.

Desconfiados, os policiais pediram ao pedreiro que mostrasse a eles o local onde ele dormia, na obra. Os agentes, então, viram um chinelo que pertencia a Gilberto e fizeram a comparação com a pegada encontrada na casa. “O perito imediatamente confirmou que o calçado dele era um calçado compatível com aquela pegada que estava na cena do crime”, afirmou França.

No local onde ele dormia, também foram encontradas roupas com manchas de sangue, além de uma roupa íntima de uma das vítimas.

Pouco depois, Gilberto confessou o crime. Ele alegou que estava sob efeito de drogas. “A defesa pode alegar isso, se quiser. Mas os atos dele são atos que demonstram plena consciência no momento do crime.”

Personalidade do criminoso

O delegado do caso afirmou que a polícia ouviu os colegas de Gilberto para entender se ele apresentava, no dia a dia, algum tipo de comportamento que pudesse indicar uma tendência à prática de crimes. Porém, diz França, ele “era uma pessoa aparentemente normal”.

“A gente só conseguiu identificá-lo pelo comportamento estranho no momento em que a polícia chegou no local do crime. Mas, tirando isso, uma pessoa comum, trabalhava normal, não dava problema.”

“O patrão disse que nunca deu alteração, nem nada. Então, é uma pessoa que facilmente passaria despercebida”, continuou.



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