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    porto velho, domingo 24 de novembro de 2024

Metade das crianças vítimas de estupro no Brasil foi agredida mais de uma vez

País registrou 58,3 mil casos de estupro de crianças e adolescentes de até 14 anos entre 2020 e 2022


terra

Publicada em: 22/06/2024 11:19:38 - Atualizado

BRASIL: De 2020 a 2022, Brasil registrou quase 25 mil casos de estupro continuado de meninas de até 14 anos, a maioria negras.O Brasil registrou 58,3 mil casos de estupro de crianças e adolescentes de até 14 anos entre 2020 e 2022. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 48% dessas vítimas sofreram a agressão mais de uma vez antes de serem atendidas no sistema de saúde.

Os registros revelam um longo ciclo de violência que afeta principalmente meninas. Foram cerca de 24,9 mil casos de estupro repetido de crianças e adolescentes do sexo feminino, o que corresponde a 88% de todas as agressões notificadas como recorrentes. Mais de 60% delas eram negras.

No Sinan, essas informações são coletadas compulsoriamente no momento em que a criança é atendida numa unidade de saúde. Se considerados outros tipos de violência sexual preenchidos nas fichas de notificação, como assédio, exploração, atentado violento ao pudor e pornografia infantil, o número de meninas que foram mais de uma vez vítimas do mesmo crime sobe para 40,8 mil.

Já nas informações disponíveis no Disque 100, compiladas pelo Centro Marista de Defesa da Infância, a agressão foi denunciada como repetida a cada 7 de 10 registros de violência sexual contra crianças e adolescentes no período de 2020 a 2023. O serviço coleta denúncias anônimas de violações de direitos humanos.

A dificuldade de interromper a violência

Além de serem as principais vítimas de estupro, meninas de até 14 anos também são as maiores prejudicadas pelo projeto de lei discutido na Câmara dos Deputados que quer equiparar o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio.

Como a DW mostrou, o acesso precoce ao sistema de saúde em caso de gravidez, por exemplo, se torna uma saga principalmente quando a violência acontece dentro de casa. Segundo o Ministério das Mulheres, 68% dos estupros de crianças em 2022 aconteceram na residência da vítima. Nessas situações, a própria família se torna um obstáculo para a interrupção do ciclo de violência.

Para a advogada do Instituto Alana, Mariana Zan, isso faz com que um grupo muito grande de meninas nem mesmo consiga acesso aos serviços de proteção, o que se reflete no prolongamento da violência. "O ambiente doméstico é violento, e é fácil manipular a vítima para dificultar o acesso aos meios de denúncia", afirma.


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