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porto velho, sábado 23 de novembro de 2024
BRASIL: O desaparecimento de Solirano de Araujo Sousa, 48, conhecido como “Maníaco da Mooca”, e a declaração do delegado do caso, Ricardo Salvatori, que disse não descartar execução pelo tribunal do crime, revisitou essa vertente do crime organizado no Brasil.
Atuando para “zelar” o “código de ética do crime”, o Tribunal do Crime é visto como um instrumento utilizado por grandes facções para punir membros e pessoas que cometam crimes fora das “regras” da violência urbana.
A CNN conversou um especialista em segurança pública, que atua contra o crime organizado. Eles explicam como funciona os aspectos dessa ala do crime organizado, responsável por uma justiça paralela.
O delegado e presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), André Santos Pereira, contou para CNN que a estrutura do Tribunal do Crime, na prática, funciona como um poder paralelo.
A estrutura é constituída por lideranças respeitadas entre os criminosos, dentro das maiores facções do país. Para o delegado, que atua no combate de uma das maiores facções do país, o tribunal tem papel central dentro das organizações criminais. Segundo o especialista, eles são geralmente escolhidos por sua experiência e posição dentro da facção.
Segundo o presidente da ADPESP, o “código de ética” é um conjunto de regras não escritas que regula o comportamento dos membros da facção. As decisões são tomadas com base em reuniões informais ou conselhos entre os membros mais respeitados.
As infrações podem incluir traição (delatar membros), roubo, desrespeito a ordens da liderança, e, em algumas facções, a venda de drogas adulteradas. O delegado pondera que a tomada de decisões e as “penas” aplicadas pelo tribunal, dependem de vários fatores.
A existência de Tribunais do Crime gera um clima de medo e controle na comunidade, onde as facções impõem regras e punições de forma autônoma, criando um ambiente onde a população pode se sentir insegura e sem proteção.
Na visão do delegado, as facções instrumentalizam o respeito as regras em comunidades, em um ciclo de medo contínuo, que alimenta a violência urbana.