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    porto velho, quinta-feira 18 de dezembro de 2025

Deputado Nikolas Ferreira diz que tornozeleira de Bolsonaro estava com “escuta”

Aliados inventam novas explicações para minimizar o desgaste causado pela tentativa do ex-presidente de abrir o equipamento


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Publicada em: 24/11/2025 09:32:17 - Atualizado

BRASIL: Depois de tentarem vender a versão estapafúrdia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria passado por um “surto” ao tentar violar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, seus aliados agora embarcam em outra justificativa improvável: a de que o ex-presidente suspeitava estar sendo vítima de uma “escuta” dentro do equipamento. É a segunda narrativa improvisada em menos de uma semana — e ambas soam igualmente desesperadas.

Os deputados Nikolas Ferreira (PL) e Bia Kicis (PL) afirmam que Bolsonaro teria ouvido um ruído vindo da tornozeleira e, tomado por uma suposta preocupação com espionagem, decidiu mexer no aparelho. A explicação, moldada sob medida para o imaginário bolsonarista, tenta transformar um ato deliberado de violação em gesto de “autodefesa”. Mas não resiste ao primeiro teste de coerência.

A realidade desmente a fábula

O vídeo divulgado pela Secretaria de Administração Penitenciária do DF desmonta a versão dos parlamentares. Bolsonaro admite ter começado a danificar a tornozeleira “no final da tarde” de sexta-feira, muito antes do suposto barulho mencionado por seus aliados. E mais: ao ser questionado sobre o motivo, cita a palavra “curiosidade”, numa confissão que está a anos-luz do enredo conspiratório fabricado pelo bolsonarismo.

É evidente que o objetivo da nova explicação não é esclarecer o episódio, mas criar uma cortina de fumaça política. A base tenta desesperadamente reduzir o estrago de uma cena que, por si só, seria inimaginável para qualquer ex-chefe de Estado: um presidente da República, ainda que inelegível e réu em múltiplas investigações, tentando abrir com ferramentas improvisadas o dispositivo judicial que o vigia.

Narrativas de conveniência

A oscilação entre “surto”, “curiosidade” e “escuta” revela mais sobre o ambiente político que cerca Bolsonaro do que sobre o episódio em si. Seus aliados agem como bombeiros de crises próprias, correndo atrás dos fatos e produzindo explicações sob demanda, sempre com o mesmo objetivo: blindar o líder e manter mobilizada a parcela mais fiel da base.



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