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Ministros alertam deputados de crise em 2018 sem reforma da Previdência


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Publicada em: 23/11/2017 08:57:47 - Atualizado

BRASIL- O argumento dos parlamentares de que a proximidade das eleições de 2018 dificulta a aprovação agora da reforma da Previdência inspirou a equipe econômica a moldar seu discurso durante o jantar oferecido na noite desta quarta-feira, 22, pelo presidente Michel Temer aos parlamentares em busca de apoio à proposta, segundo apurou o Broadcast.

Em um alerta contundente, o governo tentou mostrar que a crise econômica pode voltar em 2018, em meio à campanha, se a proposta não for aprovada agora, complicando o discurso de quem pretende se eleger.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, foi um dos que tentou explorar as pretensões eleitorais dos parlamentares em favor da reforma. Ele disse aos deputados presentes que, sem a aprovação da proposta, a recuperação da economia pode ser revertida em crise já no ano que vem. Oliveira ainda advertiu que uma crise econômica em 2018 atinge a todos e que "não é trivial" explicar isso aos eleitores no meio da campanha.

Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tentou convencer os parlamentares de que os efeitos positivos da aprovação da reforma sobre as perspectivas de investidores podem se transformar em cabo eleitoral dos candidatos. O argumento de Meirelles é que, com as mudanças nas regras da Previdência, há potencial para se ter um bom crescimento em 2018, o que garante uma "situação privilegiada" para quem vai concorrer às eleições.

O efeito prático do discurso adotado pela equipe econômica deve começar a ser medido a partir desta quinta-feira, 23, quando o governo continuará com as articulações políticas. O relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), já avisou que continuará conversando com as bancadas para tirar dúvidas e prestar esclarecimentos sobre a nova proposta - o que não foi possível durante o jantar.

O governo sabe que ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a proposta e que terá de trabalhar duro para chegar a esse número. Pelo menos cinco mesas vazias no amplo salão do Palácio do Alvorada lembravam o presidente Michel Temer dessa dificuldade. No fim das contas, o quórum de parlamentares no evento ficou abaixo do esperado pelo governo e ainda sem a presença de partidos importantes, como PSDB e PTB. O PSD enviou poucos representantes, segundo apurou o Broadcast.

O PP também ameaçou boicotar o jantar, uma vez que não teve seu pedido atendido para nomear o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como novo ministro-chefe da Secretaria de Governo, no lugar do tucano Antonio Imbassahy. O Palácio do Planalto chegou a programar a posse de Marun, mas recuou e acabou desagradando os dois lados - os partidos que queriam a mudança e o PSDB, que ficou insatisfeito por saber da possível substituição pela imprensa.

O jantar estava convocado para as 20 horas, mas até as 20h50 só 15 deputados haviam chegado. A conta-gotas, o número de parlamentares presentes superou a marca dos 30 por volta das 21h30, mas o maior grupo só chegou mesmo depois das 22h. Além da trapalhada na nomeação de Marun, a longa duração da sessão do Congresso Nacional acabou atrasando os planos de Temer para o evento.

Crise.

O alerta para o risco de retorno da crise econômica foi endossado pelos economistas de fora do governo chamados para falar durante o jantar. O presidente do Insper, Marcos Lisboa, ressaltou que a janela para a aprovação da reforma da Previdência "começa a fechar" e que o País pode voltar para um quadro econômico ruim de forma muito rápida sem a votação da proposta. A possibilidade de paralisação da agenda de reformas já acendeu a luz amarela, alertou ele.

Segundo Lisboa, ou a reforma é aprovada agora, ou a crise volta. Ele listou todos os ganhos recentes, como a queda dos juros, para tentar ilustrar o que o atraso na mudança das regras de aposentadoria e pensão pode pôr a perder.

O economista Paulo Tafner também ressaltou a janela estreita para evitar que a crise volte. Já o economista José Marcio Camargo centrou seu discurso no combate a desigualdades entre o sistema previdenciário dos trabalhadores do setor privado e dos servidores públicos.

A exemplo da campanha do governo, o combate a privilégios foi um dos focos dos economistas, assim como a necessidade de instituir uma idade mínima para aposentadoria no Brasil.


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