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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
Felipe Amorim e Bernardo Barbosa / UOL em Brasília e SP
Publicada em: 06/03/2019 18:29:42 - Atualizado
CURITIBA PR - Procuradores que atuam na Força Tarefa da Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal) do Paraná pediram hoje (6) à procuradora-geral da República Raquel Dodge, que afastem o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), dos processos ligados ao ex-senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e ao ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) confirmou o recebimento do pedido e informou que ele será analisado por Dodge.
No documento enviado à Dodge, a Força Tarefa da Lava Jato afirma que Aloysio teria feito "contato direto e pessoal" com o ministro Gilmar Mendes com o objetivo de interferir em julgamento de recurso de Paulo Vieira de Souza.
No processo em questão, um habeas corpus relatado por Gilmar Mendes, o ex-diretor da Dersa pedia que mais testemunhas fossem ouvidas e novas provas analisadas numa investigação contra ele na Justiça Federal de São Paulo por suspeitas de desvios em obras do Dersa.
O pedido foi negado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas autorizado por Gilmar Mendes, em decisão no dia 13 de fevereiro. Para o MPF de Curitiba, a intenção do pedido era a de atrasar o andamento do processo.
Após recurso da procuradora-geral Raquel Dodge, Gilmar Mendes reconsiderou a primeira decisão e manteve o andamento normal do processo contra o ex-diretor da Dersa na Justiça Federal paulista. Essa decisão foi emitida na última sexta-feira (1º).
Mensagens e ligações
O pedido de suspeição de Gilmar feito pelos procuradores de Curitiba à PGR (Procuradoria-Geral da República) é assinado por Deltan Dallagnol, coordenador da Força Tarefa em Curitiba, e outros 13 procuradores do MPF.
Os procuradores anexaram na documentação enviada à PGR conversas mantidas por Aloysio Nunes, por meio de um aplicativo de mensagens, com seu defensor, o advogado José Roberto Figueiredo Santoro, e com o ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann.
A Força Tarefa também anexou registros de ligações feitas e recebidas pelo ex-senador para números de Jungmann, um telefone do gabinete de Gilmar no STF e números de celular atribuídos ao ministro do Supremo.
Os dados foram obtidos após busca e apreensão na 60ª fase da Operação Lava Jato, que teve Aloysio como um dos alvos, e apreendeu um aparelho de telefone celular do tucano.
Ad Infinitum
A Operação Ad Infinitum, deflagrada em 19 de fevereiro, também levou à prisão do ex-diretor do Dersa Paulo Vieira. Gilmar é relator no Supremo de um recurso da defesa de Paulo Vieira contra a operação. Nas mensagens, segundo interpretação dada pelos procuradores da Lava Jato, Jungmann envia a Aloysio o número do telefone celular do ministro Gilmar Mendes e, minutos depois, pergunta "Falou?".
Naquele mesmo dia, 11 de fevereiro, Aloysio teria mantido uma conversa telefônica por 52 segundos com uma das linhas telefônicas do gabinete do ministro Gilmar Mendes.
Logo depois dessa ligação, Aloysio envia uma mensagem de texto a Jungmann: "Falei". Na sequência, Jungman pergunta: "E?" O tucano então responde: "Vago, cauteloso, como não poderia ser diferente", diz a transcrição das mensagens apresentadas pelo MPF.
A decisão favorável a Paulo Preto, posteriormente revista, foi emitida por Gilmar dois dias depois da suposta conversa com o ex-senador tucano, em 13 de fevereiro. O MPF também apontou que no mesmo dia em que teria conseguido contato com o gabinete de Gilmar, Aloysio informou da conversa ao advogado José Roberto Santoro, que na defesa tanto do ex-senador quanto em processos contra Paulo Preto.
Segundo a transcrição das mensagens apresentada pelo MPF, após saber da conversa com o gabinete de Gilmar, o advogado responde ao ex-senador tucano: "Vc (sic) é um anjo".