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    porto velho, quinta-feira 5 de junho de 2025

MP pede que Jairinho seja proibido de se aproximar de testemunhas

Suspeito pelo assassinato do menino Henry Borel, teve sua prisão preventiva pedida. MPRJ denunciou o médico e vereador por tortura majorada contra a filha...


G1

Publicada em: 01/05/2021 11:48:23 - Atualizado

BRASIL: O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou o médico e vereador do Rio Dr. Jairinho por tortura majorada contra a filha de uma ex-namorada do parlamentar e pediu que, caso seja posto em liberdade, Jairinho fique proibido de se aproximar e manter contato com a vítima e seus familiares, em especial, com as testemunhas.

Nesse caso, a denúncia também pede que ele compareça mensalmente ao juízo para justificar atividades e seja proibido de se ausentar do município sem prévia comunicação. Atualmente, o vereador está preso em Bangu 8, no Complexo de Gericinó, por suspeita da morte do menino Henry Borel.

O documento encaminhado à 2ª Vara Criminal de Bangu diz que Jairinho mantinha, à época, um relacionamento amoroso com a mãe da vítima e aproveitava-se do fato para, nas oportunidades em que se encontrava sozinho com a criança, torturá-la física e mentalmente.

“Tem-se que o denunciado batia com a cabeça da vítima contra diversos lugares, chutava e desferia socos contra a barriga da criança, além de afundá-la na piscina colocando seu pé sobre sua barriga, afogando-a, e de torcer seu braço”, diz a denúncia.

Segundo a investigação da polícia, que concluiu o inquérito nesta sexta-feira (30), as provas documentais foram obtidas a partir dos relatórios médicos de hospitais para onde a criança foi levada na época das agressões. Ao todo, foram quatro laudos obtidos para serem usados como provas.

Provas desmentem Jairinho

Dr. Jairinho prestou depoimento à Dcav no dia 8 de abril, quando foi preso . O parlamentar negou as acusações de agressão, mas provas colhidas pelos investigadores - como fotos e laudos médicos - desmentem a versão do investigado.

"Essa criança narrou e confirmou as agressões cometidas pelo indiciado, conhecido pelo nome político de Jairinho. Toda versão apresentada por Dr. Jairinho foi derrubada pelas provas documentais e pelo depoimento", explicou o delegado Adriano Marcelo França.

"Em determinados momentos ele diz não estar com determinadas crianças e em determinados locais. Porém, fotos mostram o contrário. A mãe dessa criança não foi indiciada. O crime aqui é de tortura majorada, por ser criança e por um período de dois anos", completou Adriano.

Agressões aconteceram quando criança tinha entre 3 e 5 anos

O diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), delegado Felipe Curi, também comentou a investigação.

"Essa investigação surgiu no bojo do caso Henry. A responsável legal por uma criança, que entre os anos de 2010 e 2013, sofreu agressão comprovada pela investigação. A época, essa criança tinha entre 3 e 5 anos. Essa criança sofreu uma série de violências e até tortura", disse o delegado Felipe Curi.

“Por medo, ela acabou não denunciando. Com o caso do Henry, ela criou coragem e acabou denunciando. Esse caso não tem nada a ver com o caso Henry, mas surgiu no bojo da investigação. Esse caso serve para corroborar o perfil violência do Dr. Jairinho contra menores filhos das pessoas que ele tem relacionamento amoroso. Isso ficou comprovado na investigação que foi concluída e na investigação que está em andamento”, completou o delegado Curi.

Os delegados explicaram ainda que a mãe da menina não foi indiciada na investigação. Ela é tratada como vítima de violência doméstica praticada por Dr. Jairinho.

O que diz a defesa de Jairinho

Procurada, a defesa de Dr. Jairinho disse que ainda não tem condições de posicionar sobre o caso.

“Eu recebi a cópia integral do inquérito, vou analisar e dou um posicionamento ainda essa semana sobre o indiciamento”, disse Brás Santana, advogado de defesa de Dr. Jairinho.

Outro inquérito por agressão segue em andamento

Além do indiciamento por agredir à filha de uma ex-namorada, outra investigação está em curso também por agressão a um menino, igualmente filho de uma ex-namorada.

A criança tinha três anos de idade quando foi agredida e, entre as ocorrências, relatou um dia em que ele saiu para passear com Doutor Jairinho e voltou com um fêmur (osso da coxa) quebrado.

Paralelamente ao inquérito que investiga as agressões que teriam sido cometidas contras essas crianças, o trabalho de apuração da morte do menino Henry Borel continua.

    Entenda o caso

    O vereador Dr. Jairinho é investigado pela morte do menino Henry Borel, pela qual já está preso preventivamente, por agressões cometidas a outras duas crianças filhas de ex-namoradas. Em um inquérito, o que apura as agressões à menina, ele foi indiciado por tortura majorada. No outro, em que a vítima é um menino, e ainda está em andamento.

    Além disso, ele é investigado por constranger uma testemunha divulgando a imagem dela nua.

    No caso do menino, Débora Melo Saraiva, que prestou depoimento na 16ª DP (Barra) no dia 16, contou que tanto ela quanto o filho foram agredidos pelo vereador.

    “Ela (Débora) disse que foram tantas agressões que ela sequer consegue lembrar quantas vezes ela apanhou do vereador Dr. Jairinho”, afirmou o chefe do departamento de polícia da capital, Antenor Lopes, após o fim do depoimento.

    Segundo ela, a criança contou que Jairinho colocou um papel e um pano na boca dele e disse que ele não poderia engolir. O menino teria afirmado, então, que Jairinho o deitou no sofá da sala, ficou em pé no sofá e apoiou todo o peso do corpo no menino com o pé.

    Débora contou que o filho também narrou que, em outra ocasião, Jairinho teria colocado um saco plástico em sua cabeça e ficou dando voltas com o carro.

    Débora lembrou ainda de outra agressão, também em 2015. Ela diz que Jairinho insistiu para levar a criança numa casa de festas e que depois, o vereador ligou dizendo que Enzo havia torcido o joelho. Jairinho levou então a criança, segundo o relato, para um centro médico, para fazer um raio-x e que lá foi constatado que o menino estava com o fêmur quebrado.

    Outra denúncia de agressão de Jairinho a uma criança foi feita por outra ex-namorada do vereador, mãe de uma menina que hoje tem 13 anos. A menina prestou depoimento em março na Dcav.

    "O Jairinho que eu conheço, que a minha filha descreve, que fez o que fez com ela, eu hoje oro a Deus pelo livramento de não ter sido ela [que morreu]. Porque ele podia ter matado a minha filha", disse a ex-namorada ao Fantástico. A mulher pediu para não ser identificada pelo programa.

    A ex-namorada diz ainda que sua filha passava por situações semelhantes as que as investigações indicam que foram vividas por Henry: “Eu falava que ele estava vindo, aí ela passava mal, vomitava, me agarrava. Ou então pedia à minha mãe: 'Posso ficar com você, vó? Eu não quero ir, quero ficar aqui'.


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