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Caso Sophia: "sacola plástica foi usada para fraudar a situação", diz delegada


R7

Publicada em: 31/01/2018 10:14:22 - Atualizado

BRASIL- A delegada titular da Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes contra a Criança e o Adolescente Ana Paula Rodrigues afirmou, na tarde da terça-feira (30) em depoimento ao Tribunal do Júri, que a garota Sophia, de 4 anos, não se asfixiou com uma sacola plástica. “A sacola foi um meio para fraudar a situação”, afirmou.

A delegada lembra que chegou ao local em que Sophia morreu às 21h30 do dia dois de dezembro de 2015, acompanhada de um assistente e um investigador, e encontrou indícios de um possível homicídio. “Havia diversos papéis higiênicos retorcidos, derramamento de sangue e o lado esquerdo da cabeça dela estava molhado”, afirmou. O corpo de Sophia foi encontrado no quarto. “Na vagina, foram encontrados fragmentos de pelos”, relata a delegada.

De acordo com Ana Paula, o pai da garota, Ricardo Krause Esteves Najjar, acusado de matá-la, afirmou em depoimento à polícia que estava tomando banho e quando terminou viu a filha com uma sacola plástica na cabeça. “Ele respondeu que levantou a sacola até a metade do rosto dela, mas ao ver o sangue, disse que ‘aquilo não era bonito’ e abaixou a sacola.” O material plástico teria, então, ficado grudado no rosto de Sophia, segundo o pai.

As investigações da Polícia Civil constataram 558 mensagens no celular do pai de Sophia naquele dia. A última, de acordo com a delegada, teria ocorrido às 19h22. “Najjar só volta a usar o celular para ligar para o pai às 19h54. Depois para a namorada e por fim para o Samu.”

Além do celular, o notebook de Najjar também foi apreendido para análise da polícia. Pelo conteúdo dos e-mails, a delegada afirmou que a namorada de Najjar queria engravidar. No mesmo período, ele teria buscado na internet “venenos que matam pessoas.”

O laudo necroscópico apontou um rompimento da membrana do tímpano esquerdo de Sophia, 21 lesões no corpo, inclusive no cérebro e na boca, que teriam sido causadas em função da asfixia. Com isso, Ana Paula pediu a prisão temporária do pai de Sophia, realizada na sexta-feira 4 de dezembro de 2015, na ocasião do velório da menina. “Não conseguimos entender como alguém que tinha curso de primeiros socorros não conseguiu socorrer a filha.”

Defesa

O promotor de Justiça José Mário Barbuto pediu para a delegada reconhecer trechos do áudio em que o pai de Sophia havia entrado em contato com o Samu para relatar a asfixia. Na gravação, é possível identificar a voz de mulher em desespero, atribuída pela delegada à namorada de Najjar, contando até três para reavivar a menina.

Durante a gravação, Najjar, que acompanhou o júri ao lado dos advogados de defesa, começou a chorar. As mãos que, até então, repousavam nos joelhos foram levadas ao rosto na tentativa de conter a emoção.

A advogada de defesa, Mariana Motta da Costa e Souza, indagou se a investigação apurou quantas pessoas teriam a chave do apartamento, mas a delegada afirmou que não verificou a informação. A defesa também questionou se a polícia observou indícios de água no chuveiro e a toalha molhada que teria sido usada pelo pai de Sophia.

Outro argumento utilizado pela defesa é de que as imagens periciadas mostram que Najjar teria usado uma roupa para buscar a filha na escola e outra após a morte da garota, o que também reforçaria o argumento do banho.

Personalidade agressiva

A mãe de Sophia Ligia Kissajikian Câncio usou as palavras “calmo e solícito” para definir a personalidade do então namorado Ricardo Krause no início do relacionamento. “Mas em um determinado momento ele adotou um comportamento impulsivo. Ele não conseguia lidar com os próprios sentimentos”, afirmou à juíza Renata Mahalen da Silva Teles.

Entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013, segundo Ligia, o namorado teria quebrado três celulares e uma escova de cabelo de Sophia. “Eu sentia que não conseguiria lidar com aquilo, não era o que eu queria”, diz. Em um dos momentos de nervosismo, a mãe da garota relata que Najjar bateu a cabeça contra a parede.

Segundo a testemunha, o namorado teria começado a apresentar mudanças de comportamento quando ingressou no curso de administração de empresas em uma universidade privada. “Ele não parecia mais tão pró-ativo em relação à Sophia e estava sempre cansado e estressado.”

Ligia e Najjar começaram a namorar em 2010. Ela cursava o terceiro colegial e ele, um cursinho preparatório de medicina. Ela afirma que a aceitação da gravidez foi difícil para ambos. Somente após o quarto mês de gestação, Ligia comunicou à família. “Da parte dele, não era para eu conversar com ninguém. Não estávamos aceitando o fato de que seríamos pais com 18 anos.”


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