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    porto velho, sábado 7 de junho de 2025

Garimpeiros tentam invadir comunidade na Terra Yanomami

Invasores estavam a bordo de 12 barcos e invadiram Palimiú por volta de 22h desta quarta-feira (19), informou o Condisi-YY.


G1

Publicada em: 20/05/2021 18:02:31 - Atualizado

BRASIL: Garimpeiros tentaram invadir a Comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, na noite dessa quarta-feira (19). A região registra o 10º dia de tensão. A informação foi divulgada pelo Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuanna (Condisi-YY), nesta quinta-feira (20).

Desta vez, o ataque aconteceu por volta de 22h. Indígenas que vivem em Palimiú relataram que os garimpeiros estavam a bordo de 12 barcos. Os invasores não conseguiram avançar, pois perceberam a presença de um grupo de yanomami e retornaram às embarcações.

O ofício com o relato foi assinado pelo presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami. No documento, o órgão pede apoio da Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), Exército, Funai e Ministério da Defesa e cita o risco de um "massacre que vitime os indígenas".

"Diante de todos esses danos potenciais e previsíveis, que acabaram por se confirmar com o passar do tempo, e diante da inércia da União, de seus órgãos e autarquias, solicitamos que seja ajuizada alguma ação, uma vez que a situação se agravou de tal forma que o caos social se instalara e a atividade criminosa que saiu do controle das forças de segurança", cita trecho do ofício.

Desde o dia 10 os yanomami de Paliminú enfrentam dias tensos, rodeados pelo medo de morrer, diante dos ataques e intimidações constantes de garimpeiros armados. Em sete dias, foram registrados confrontos armados entre os invasores e indígenas e até agentes da Polícia Federal. Na noite de domingo (16), a comunidade foi alvo de bombas de gás.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) acionou o Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira (19), para que fosse determinada a retirada dos garimpeiros da região, pois "há risco real de massacres indígenas".

Até o momento, conforme o Condisi-YY, não foram enviadas equipes para a segurança dos indígenas. No último dia 13, a Justiça Federal já determinou que a União envie tropas de segurança para a região.

Procurada, a PF informou que cerca de 10 homens estão embarcando nesta quinta-feira para o Palimiú. Já o Exército, disse que está acompanhando a situação e planeja operação na região.

O G1 também entrou em contato com o MPF, Funai e Ministério da Defesa e aguarda retorno.

Sem atendimentos à saúde

A comunidade Indígena Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, está há uma semana sem atendimento de saúde, conforme o Condisi-YY. A equipe médica, que se mantém fixa na região e presta assistência ao povo, foi retirada do local por conta dos ataques recentes de garimpeiros armados.

Segundo o Condisi-Y, os atendimentos do posto de saúde vão retornar apenas quando forças de segurança forem enviadas à região para garantir a proteção da comunidade e dos profissionais.

Nessa quarta-feira (19), uma equipe médica foi até a comunidade averiguar a condição de saúde dos indígenas e prestar atendimentos básicos. A região é considerada área endêmica para a malária e as crianças são as mais afetadas.

Ataques em Palimiú

A comunidade fica às margens do rio Uraricoera, onde garimpeiros exploram o ouro ilegalmente. Na última segunda-feira (10), um conflito armado na região resultou, segundo o Condisi-Y, na morte de três garimpeiros e quatro feridos, além de um indígena baleado de raspão na cabeça. A PF, no entanto, não confirma esses óbitos.

Um vídeo compartilhado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) mostrou a correria de mulheres e crianças no momento em que tiros foram disparados. Conforme a HAY, duas crianças foram encontradas mortas no rio Uraricoera dois dias após o ataque.

Na terça (11), garimpeiros atiraram contra policiais federais que estavam no local para levantar informações sobre o conflito. O tiroteio durou cerca de cinco minutos. Segundo a PF, não houve feridos.

No dia seguinte, a comunidade sofreu mais ataques, horas depois que o Exército esteve na região.

No último sábado (15), lideranças viajaram de Palimiú até Boa Vista, com a ajuda da Hutukara, e denunciaram novas intimidações.


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