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Jovem Yanomami grávida e em estado grave de malária morre em trabalho de parto

Vítima tinha 19 anos e estava grávida de aproximadamente sete meses.


G1

Publicada em: 30/11/2021 17:32:15 - Atualizado

Uma jovem indígena, de 19 anos, da comunidade Maloca Paapiu, que estava em estado grave de malária vivax morreu na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY) informou nesta terça-feira (30) que ela não recebeu atendimento. Já o Ministério da Saúde afirma que ela recusou o tratamento e também o pré-natal.

A jovem estava com cerca de 7 meses de gestação, segundo o presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami. O Ministério da Saúde, responsável Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y), informou que no último dia 25 "ela entrou em trabalho de parto e faleceu logo após."

Hekurari disse que o Conselho recebeu a informação sobre a jovem na noite dessa segunda durante reunião com líderes Yanomami, em Boa Vista. Ele deve cobrar providências sobre o caso à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que responde ao Ministério da Saúde, ainda nesta terça-feira (30) por meio de ofício.

"Durante uma reunião da plenária o pessoal nos informou que ela tinha falecido. Foram lideranças de conselheiros de lá [comunidade Maloca Paapiu] que nos comunicaram", disse o presidente.

Hekurari relatou, ainda, que a jovem não chegou a receber atendimento e que não fazia tratamento contra a doença. O posto de saúde mais próximo de onde ela morava fica distante 40 minutos de caminhada, na comunidade Sikamabiu, conforme o presidente.

O Ministério da Saúde, por sua vez, refutou a afirmação do Condisi-YY e disse, em nota, que a jovem recusou atendimento. A Terra Yanomami enfrenta surto de malária, casos graves e desnutrição e falta de atendimento de saúde -- essa situação foi mostrada com exclusividade pelo Fantástico.

"No dia 15/11/2021, uma jovem de 19 anos, grávida, foi diagnosticada com malária vivax na comunidade de Sikamabiu. A mesma recusou o tratamento e também o pré-natal oferecido pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI), que estiveram na maloca Paapiu", informou.

Ainda de acordo com o presidente, lideranças afirmaram ao Condisi-YY que não há remédios para o tratamento de malária nas comunidades.

"Muitas lideranças, de 40 regiões, falaram que não há remédio para malária e mesmo assim o coordenador reafirma que tem remédio, sim. Então, os conselheiros e lideranças Yanomami ficaram muito chateados, estão muito chateados", afirmou Hekurari.

Procurado, o coordenador do Dsei-Y, Rômulo Pinheiro, informou que o Distrito possui equipe de saúde no local e que está apurando o que de fato ocorreu.

O Ministério ainda informou que "no dia 24/11, um médico e um enfermeiro reforçaram a importância do acompanhamento, mas não obtiveram êxito com a indígena", acrescentando que, segundo eles, nenhum dos dois servidores "foram solicitados para prestar ajuda necessária no parto, portanto, as denúncias de falta de apoio e assistência médica são infundadas."


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