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Estudo na Maré comprova que a vacina AstraZeneca contra a Covid é eficaz, diz Fiocruz

Trabalho analisou o aumento gradativo da proteção, que após a segunda dose passa de 65%.


G1

Publicada em: 04/03/2022 14:45:22 - Atualizado


BRASIL - A vacinação é capaz de proteger a população de contaminação, hospitalização e morte por Covid mesmo em comunidades socialmente vulneráveis, onde há alta transmissão. Esta é uma das principais conclusões de um novo artigo da pesquisa Vacina Maré que avalia a efetividade da vacina da Fiocruz/AstraZeneca contra o coronavírus no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

Em julho de 2021, o Complexo da Maré iniciou a vacinação em massa. A Maré é o maior conjunto de favelas do Rio. A região tem cerca de 140 mil moradores.

O trabalho analisou o aumento gradativo da proteção após a vacinação e verificou que, três semanas após a primeira dose, a proteção contra a Covid sintomática é de 31,6%. Duas semanas após a segunda dose, essa taxa sobe para 65,1%.

“Qual a efetividade da vacina em proteger as pessoas e evitar que contraiam a Covid? As pessoas que tomaram a vacina estão protegidas de adquirir infecção pelo vírus? Essa é a grande pergunta do estudo, e a resposta é sim", diz Fernando Bozza, pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo.

E acrescentou:

"Hoje, há muita gente falando que a vacina não protege da doença, somente de hospitalização e morte. Isso não é verdade. Claro, o nível de proteção para as formas graves é maior. Se você está vacinado, pode se infectar e ficar assintomático, ou ter sintomas mais brandos. Por outro lado, muita gente não vai ter a doença porque está vacinada”, explicou.

O Complexo da Maré é um dos maiores da cidade. Ao contrário de outras favelas, é plano. As comunidades que o compõem são margeadas pelo Canal da Ilha do Fundão, são delimitadas pela Avenida Brasil e pela Linha Amarela e se estendem do Caju até Ramos.

A pesquisa é feita pela Fiocruz em parceria com o Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio, o Instituto de Saúde Global de Barcelona e a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Saúde. O trabalho conta ainda com o apoio da Redes da Maré e do Projeto Conexão Saúde – De Olho na Covid.

“A vacina protege em todos os níveis: da morte, da hospitalização e da aquisição do vírus ou adoecimento. Claro que esses níveis são diferentes: aqui, estamos falando de 65% contra aquisição depois da segunda dose. Quando olhamos para hospitalização e morte, isso sobe para mais de 80, 90%”, disse o pesquisador.

De acordo com os dados disponibilizados pelo Painel Rio Covid, da Prefeitura, de 30 de outubro do ano passado até 18 de janeiro deste ano, data da última atualização, não houve mortes na Maré por Covid.

A pesquisa foi publicada recentemente na revista Clinical Microbiology and Infection, da European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID).

Metodologia

Os pesquisadores cruzaram as bases de dados do programa de testagem da Fiocruz com o de vacinação.

O método empregado foi o estudo de teste negativo (TND), dividindo aqueles que contraíram o vírus em dois grupos: um de sintomáticos e outro de todos os infectados (sintomáticos + assintomáticos).

A análise incluiu 10.077 testes RT-PCR, sendo 6.394 (64%) de sintomáticos e 3,683 (36%) de assintomáticos.

O período de referência, de 17 de janeiro a 27 de novembro de 2021, caracterizou-se pela predominância das variantes Gama e Delta.

O estudo considerou quatro recortes:

  • o primeiro, relativo ao tempo de pandemia;
  • o segundo, um ajuste completo (que considera variáveis como sexo, doença cardiovascular, doença respiratória, comorbidades, todas as características que estão relacionadas ao agravamento ou à aquisição da doença);
  • o terceiro, por idade, separando os participantes em um grupo abaixo de 35 anos e outro de 35 para cima;
  • o quarto considera os intervalos de aplicação entre a 1ª e a 2ª dose.

O estudo, que segue em andamento, pretende na próxima etapa avaliar a efetividade da vacina em relação à ômicron e à dose de reforço.


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