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    porto velho, sábado 28 de junho de 2025

Após cirurgia de 27 horas, médicos brasileiros separam gêmeos siameses unidos pela cabeça

Arthur e Bernardo Lima compartilhavam parte do cérebro e uma veia principal que leva o sangue de volta ao coração


R7

Publicada em: 01/08/2022 17:56:15 - Atualizado


BRASIL - Gêmeos brasileiros de três anos que nasceram unidos pela cabeça foram separados após passarem por uma cirurgia de 27 horas no Brasil. Eles foram considerados os gêmeos craniópagos (unidos pelo crânio) mais velhos a serem separados.

"Os gêmeos tiveram a versão mais grave e difícil da doença, com maior risco de morte para ambos", disse o neurocirurgião Gabriel Mufarrej, do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, à AFP.

Arthur e Bernardo Lima nasceram em uma zona rural de Roraima, no Norte do Brasil, em 2018, e compartilhavam parte do cérebro e de uma veia principal que leva o sangue de volta ao coração.

A instituição de caridade médica Gemini Untwined, do Reino Unido, que ajudou a realizar o procedimento, descreveu o caso como "a separação mais desafiadora e complexa até hoje", já que as crianças compartilhavam várias veias vitais.

    Os gêmeos foram submetidos a diversas operações no Rio de Janeiro sob a direção do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e da Gemini Untwined.

    A equipe médica, que incluiu cerca de 100 profissionais, se prepararou para os delicados estágios finais da cirurgia nos dias 7 e 9 de junho com a ajuda da realidade virtual – varreduras cerebrais para criar um mapa digital do crânio compartilhado das crianças. Os profissionais realizaram uma cirurgia experimental em Londres e diversos treinamentos no Rio.

    O neurocirurgião britânico Noor ul Owase Jeelani, cirurgião-chefe da Gemini Untwined, chamou a sessão de preparação de realidade virtual de "coisa da era espacial".

    E acrescentou: "você pode imaginar como isso é reconfortante para os cirurgiões... Fazer isso em realidade virtual foi realmente uma coisa de homem em Marte".

    Como os gêmeos tinha quase quatro anos e cérebros fundidos, a instituição britânica classificou em seu site o caso como o "mais complexo até hoje".

    A Gemini Untwined ainda reitera que um em cada 60 mil nascimentos resulta em gêmeos siameses, mas apenas 5% deles são unidos pela cabeça.

      Após vários meses de pesquisa, preparação e uso de projeções de realidade virtual dos gêmeos com base em tomografias e ressonâncias magnéticas, os bebês foram separados em uma cirurgia considerada pelos médicos como bem-sucedida.

      Logo depois da operação, os irmãos ficaram deitados em uma cama de frente um para o outro pela primeira vez. Em breve, eles começarão uma reabilitação de seis meses no hospital.

      As crianças ainda estão se recuperando e podem precisar de mais procedimentos à medida que envelhecem, disseram os médicos.

      Apesar disso, a mãe dos gêmeos comemora o feito com alívio, pois eles já estavam "vivendo no hospital há quase quatro anos".


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