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    porto velho, segunda-feira 30 de junho de 2025

MPT investiga empresários que torturaram funcionários por suposto furto de R$ 30 na BA

Vítima teve mãos queimadas e colega foi agredido com pauladas. Caso aconteceu em Salvador e é investigado pela polícia.


g1

Publicada em: 29/08/2022 11:27:17 - Atualizado

BRASIL: O Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA) abriu um inquérito para investigar a denúncia de tortura contra dois trabalhadores que foram agredidos pelos patrões em Salvador, neste mês. Uma das vítimas teve as mãos queimadas.

O crime foi cometido em 19 de agosto, mas só foi denunciado à Polícia Civil no dia 26. As agressões foram motivadas por um suposto furto de R$ 30. Os trabalhadores negam que tenham pegado o dinheiro.

Nesta segunda-feira (29), o advogado das vítimas esteve na delegacia que investiga o caso, para cobrar rapidez no processo. Já o MPT informou que vai solicitar informações para Polícia Civil, e que as vítimas e os empresários serão convocados para prestar depoimento.

Tortura física e psicológica

"Ele falou: 'eu só não vou queimar sua testa porque você já é feio. Com a testa queimada vai ficar mais feio ainda, então vou queimar na mão'". O relato chocante é do jovem William de Jesus, de 21 anos, um dos jovens que foi torturado pelo patrão.

As duas vítimas e um dos agressores, identificado como Alexandre Carvalho Santos, prestaram depoimento em delegacia. Um segundo homem, que filmou a tortura, também deve ser ouvido pela polícia. Os donos da loja também foram procurados pela reportagem.

Willian contou que no dia da agressão chegou para trabalhar, e foi pego em uma “emboscada” montada pelos dois. Durante a sessão de tortura, os homens queriam que ele confessasse o suposto roubo. O jovem teve as mãos queimadas com o número 171, em referência ao crime de estelionato.

"No momento em que estava me batendo, eles estavam gravando e dizendo para que eu confessasse. Eu falei: 'não vou confessar nada, porque eu não roubei nada'".

Marcos Eduardo, que também foi agredido com pauladas nas mãos, contou que está traumatizado e que sofreu ameaças de morte.

"É traumatizante. Eu não durmo direito, me assusto de madrugada porque ele me ameaçou de morte. Falou que, se não tivesse gostado [da tortura], era para dar queixa".

"Eu não preciso disso [roubar]. Eu tenho um filho, pago aluguel, trabalho. Acordava às 5h da manhã todos os dias, para trabalhar para ele. Saia quase 20h da noite. Fechava a guia e ainda ficava. Se eu fosse roubar, eu não ia roubar só R$30".


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