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    porto velho, sábado 27 de julho de 2024

Professora é agredida por autista, registra BO e família é intimada

O episódio ocorreu no dia 7 de maio, quando a professora registrou...


por Lucas Tatuí - edição Rondonoticias

Publicada em: 22/05/2024 15:32:38 - Atualizado

Foto: Divulgação

PORTO VELHO, RO: Nesta terça-feira (21), os pais de uma adolescente autista foram chamados à Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais de Porto Velho para apresentar um laudo médico e prestar esclarecimentos sobre uma agressão relatada por uma professora da Escola Estadual Abnael Machado de Lima, conhecida como CENE.

O episódio ocorreu no dia 7 de maio, quando a professora registrou um Boletim de Ocorrência alegando ter sido agredida fisicamente pela aluna, que a atingiu com um soco na boca e dois na cabeça. Em consequência, a professora solicitou um Exame de Corpo Delito (ECD).

A aluna, de 12 anos, foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3 e Transtorno Opositor Desafiador (TOD). Este nível de autismo requer suporte constante devido às dificuldades significativas na organização de pensamentos e sentimentos, além de crises de raiva e desafios às regras. A falta de comunicação verbal agrava ainda mais a situação.

A realidade dos pais é complexa, pois as opções de tratamento são limitadas em Porto Velho. A maioria das clínicas só aceita pacientes com TEA até os 6 ou 8 anos, deixando um déficit de suporte especializado para pré-adolescentes. Há uma escassez de terapeutas capacitados para lidar com "comportamentos-problema" e a intervenção necessária com a Ciência ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é quase inexistente, com poucas horas disponíveis semanalmente.

A professora pode não ter sido totalmente consciente dessas circunstâncias ao registrar a ocorrência, o que gerou um choque para os pais, que não foram informados imediatamente sobre o incidente. Eles souberam do Boletim de Ocorrência uma semana após o ocorrido, durante uma reunião na escola.

A situação ilustra a falta de recursos adequados tanto para a aluna quanto para a professora, que se encontrou sem o treinamento necessário para lidar com crises comportamentais. A família não culpa a professora pela reação, entendendo que ela também enfrentou uma situação desafiadora sem o suporte necessário.

A ocorrência foi registrada apenas com o relato da professora, pois não havia testemunhas presentes no momento da agressão. Este caso ressalta a necessidade de maior apoio e formação para profissionais da educação que trabalham com alunos com necessidades especiais, além de um sistema de saúde mais acessível e eficiente para essas famílias.

* Lucas Tatuí é pai atípico e jornalista


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