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porto velho, sábado 23 de novembro de 2024
PORTO VELHO, RO: O Rio Madeira, um dos mais importantes corredores hidroviários do Brasil, está enfrentando uma das secas mais severas já registradas, atingindo níveis historicamente baixos.
No entanto, a técnica de dragagem tem sido essencial para manter o fluxo de embarcações, garantindo o transporte de produtos essenciais e evitando o colapso do abastecimento na região de Rondônia.
Com sedimentos acumulados no leito do rio e o nível das águas cada vez mais baixo, a navegação no Madeira está comprometida, especialmente entre Porto Velho e Manicoré, no Amazonas. Em resposta a essa situação crítica, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) intensificou os trabalhos de dragagem, que consiste na remoção de areia, cascalho e outros materiais do fundo do rio, permitindo que as embarcações continuem a trafegar, mesmo em condições adversas.
A dragagem no Rio Madeira é feita através de um método de sucção, onde uma draga equipada com um bocal de aspiração solta os sedimentos com jatos de água e os aspira para fora do leito. Esse material é então transportado e depositado a uma distância segura, longe das rotas de navegação. O processo é minuciosamente acompanhado por técnicos especializados em batimetria, que medem constantemente a profundidade do rio, além de biólogos que monitoram o impacto ambiental.
Desde julho deste ano, a navegação noturna no rio foi proibida devido à baixa visibilidade e ao risco crescente de acidentes. O tempo de transporte de cargas, como o combustível que sai de Manaus para Porto Velho, mais que dobrou, passando de cerca de 8 dias para até 20 dias. Além disso, o nível do rio tem batido recordes negativos. Na última quarta-feira (11), o Madeira atingiu apenas 58 centímetros de profundidade, a marca mais baixa desde o início do monitoramento em 1967.
A seca prolongada, que afeta não só o transporte, mas também as comunidades ribeirinhas, é agravada por dois fatores principais: o fenômeno El Niño, que atrasa o início da temporada de chuvas, e o aquecimento anormal do Oceano Atlântico Norte. Mais de 50 comunidades dependem diretamente do rio para sustento e locomoção, e muitas enfrentam dificuldades sem precedentes, como o desaparecimento do peixe, principal fonte de renda para a pescadora Raimunda Brasil, moradora da comunidade Bom Será.
Com a previsão de que os níveis das águas do Rio Madeira continuem baixos nos próximos meses, as operações de dragagem seguem sendo a principal estratégia para evitar o isolamento de Porto Velho e garantir o transporte de insumos vitais para o estado de Rondônia.