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porto velho, terça-feira 25 de novembro de 2025

PORTO VELHO (RO) - A Universidade Federal de Rondônia (UNIR) carrega, em teoria, a missão de ser o cérebro científico do Estado — o espaço responsável por produzir conhecimento, orientar políticas públicas, interpretar comportamentos sociais, mapear a economia e apontar caminhos para o futuro de Rondônia. Mas, na prática, sua presença dentro da sociedade rondoniense é quase inexistente.
Num estado que enfrenta desafios complexos — violência urbana, desigualdade, crise ambiental, desorganização urbana, falta de planejamento econômico e abandono histórico da pesquisa — a UNIR permanece silenciosa, distante e, muitas vezes, irrelevante para os problemas concretos da população.
Enquanto universidades em outros estados se tornaram protagonistas ao produzir estudos sobre segurança, mobilidade, custo de vida, impacto ambiental, tendências econômicas e comportamento social, a UNIR pouco aparece para oferecer diagnósticos ou orientar decisões. Sem pesquisas atualizadas, sem indicadores próprios, sem levantamentos consistentes, Rondônia fica refém de achismos, improvisações políticas e decisões tomadas na base da percepção, não da ciência.
A ausência da universidade no debate público cria um vácuo perigoso. Falta quem diga, com rigor científico, quem somos, para onde estamos indo e quais escolhas precisam ser feitas. Faltam dados sobre o comportamento da juventude, sobre o mercado de trabalho local, sobre as mudanças demográficas, sobre o impacto real da expansão urbana, sobre a economia informal — temas básicos, mas completamente ignorados.
A universidade deveria ser a grande responsável por criar e divulgar esse conhecimento. Mas, ao se fechar em si mesma, ao não produzir dados aplicáveis, ao não dialogar com prefeituras, governos, associações e sociedade civil, a UNIR renuncia ao papel que justificaria sua existência.
Em vez de orientar Rondônia, limita-se a assistir, de longe, enquanto o estado cresce de forma desordenada, sem planejamento e sem reflexão. Em uma sociedade que carece urgente de diagnósticos sérios, a ausência da universidade é mais do que um erro institucional: é uma perda histórica.
Para que Rondônia avance, é indispensável uma UNIR presente, atuante, com pesquisas que saiam do papel e cheguem às ruas, que ouçam as pessoas, que mapeiem a realidade e que devolvam conhecimento útil à sociedade. Sem isso, a universidade seguirá sendo um gigante adormecido — e Rondônia, uma terra que cresce sem bússola, sem direção e sem ciência.