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porto velho, sexta-feira 22 de novembro de 2024
CRÔNICA DE FIM DE SEMANA: NÓS, OS INOCENTES - Por Arimar Souza de Sá
Definitivamente, o tumor social alojado no seio da vidinha da gente brasileira, virou câncer em metástase.
Dos homens do poder legislativo bem ou mal paridos que tomaram assento no parlamento federal, apenas o nojo, o deboche e a indiferença traduzidos na prática da velha e leviana política. Aquela que dá de ombros quando se trata da resolução dos elevados interesses nacionais.
Se no íntimo eles desejam mesmo mudança, o que se vê na prática é o distanciamento e a direção contrária ao caminho de soluções capaz de melhorar a face vilipendiada deste “Brasilzão” sem vergonha.
O correto seria, penso, detectar os defeitos existentes nesta Nação apodrecida em suas entranhas e brigar com qualquer força que permita a mudança de vida radical, desde que, é claro, esteja em plena sintonia com os sonhos de melhoria da vida em comum.
Enquanto isso não vem, pululam, jorram aos cântaros, de sul a norte, informações deletérias. Denúncias e comprovações que machucam ainda mais o orgulho nacional. Dos envolvidos, a negativa de sempre na maior “cara de pau”. “Estou perplexo, eu não sabia de nada”...
E, diante do salve-se quem puder, restaram os de farda, escondidos nos quartéis sob a vergasta do silêncio. E a coisa anda tão ruim que o deputado Bolsonaro, da ultra-direita, já contabiliza 30.000.000 de intenções de votos, trazendo à memória, no discurso, figuras de tristes passagens do tempo da “Redentora”: Ustra, Fleury, Major Curió e outros carrascos.
Esmagada a ética e qualidade de homem púbico, resta-nos a patética e hilariante situação de sermos apenas “inocentes”, porque os adultos, os que dirigem o País, se encarregaram do ofício de levá-lo para o precipício.
Por isso, é impossível imaginar-se bem nascida, essa corja política que se instalou no planalto central, senão fazendo comparações pejorativas. Mas uma coisa é certa: não podemos nos descuidar de levarmos a mão ao peito, fazermos a meá-culpa e admitir: a imensa irresponsabilidade de tê-la colocado, pelo voto, no centro nervoso do poder.
Os que se desviaram do caminho do bem e são muitos, nem parecem que são brasileiros. Urdiram nos intramuros de seus cargos, formas, as mais diversas, de assaltar os cofres públicos e o pior, não chamaram nem o Beira Mar e seus asseclas, para lhes ensinar como se rouba sem deixar vestígios do crime.
Na verdade, assaltantes amadores, que recebem propinas e as levam na cueca, na meia, em maletas ou guardam dinheiro em apartamentos e os deixam à mostra nas salas para o deleite da polícia federal.
Na mesma proporção, enquanto o crime floresce no planalto central, os outros, os menos qualificados, cresceram também de forma assustadora e porque não foram eleitos, escolheram o caminho das armas em punho para os assaltos no cotidiano da população acuada.
No Rio, assaltam nos morros, nas praias do Leblon, Ipanema, Botafogo, Flamengo, durante o dia e na calada da noite e, na formatação do butim, já disputam espaços gigantescos, como se fossem guerreiros de outro Pais.
A diferença entre os bandidos que disputam o tráfico de drogas e os que disputam os espaços no Senado e na Câmara não é grande. Ambos os lados têm convicção de que estão atuando como invasores de uma Pátria que desconhecem, por isso, pouco lhes importa a torpeza em assaltá-la assim sem clemência.
As táticas destes, são semelhantes às de Brasília: mulheres, vinho na calada da noite, passeios de lancha na Guanabara, sem companhia, é claro, de nós os “inocentes”.
Contra essa atuação, macabra de ambos os lados, há protestos nas ruas, há até certo nojo, mas nós, os “inocentes”, não estamos armados com fuzis ou de altos cargos que nos possibilitem reagir. Ficamos apenas no berro ou ranger de dentes. Que pena!...
Mas as eleições para Presidente acontecerão no próximo ano. De Senadores e Deputados também. A nossa espada, isto é, a dos “inocentes”, é o voto, nada de voto nulo.
Vamos escolher caras novas, tipo homens e mulheres jovens, deixando a velharia para lixeira da história, porque não foram homens, foram canalhas e não tiveram a capacidade, nem a dignidade de construí-la.
E aí, creio, seremos menos “inocentes” do que somos hoje.
AMÉM!